Michel Fernandes é colaborador especial do Projeto Ademar Guerra (michel@aplausobrasil.com)

GARÇA (SP) – A cia. Arte das Águas, de Ibirá, bebeu na fonte da comédia popular nordestina, sobretudo nos textos de Ariano Suassuna (O Auto da Compadecida, O Casamento Suspeitoso, entre outras, para criar Melhor na Boca do Povo do que Pobre para tratar de temas como sexualidade, vingança, conflito de gerações, entre outros. Sob direção de Antônio Bucca Jr. a peça lança uma reflexão entre os limites do estereótipo e do tipo
Com a morte do coronel Ludovico é revelado um testamento em que o coronel especifica algumas exigências para que seu único filho seja seu único herdeiro: o afeminado herdeiro só terá direito à herança do pai depois de casar, caso contrário a fortuna de Ludovico vai para o convento em que a ex-noiva do rapaz se confinou após ser abandonada pelo mesmo no altar
Com cenografia, adereços e figurinos muito bem cuidados falta à Bucca livrar-se de alguns excessos como a demasiada pontuação das cenas por efeitos sonoros ou à constante recorrência à citações.
Coeso e talentoso, o elenco precisa de contenção para que os tipos criados não passem a estereótipos, já que, em lugar da sutileza, o exagero que é fruto do estereótipo, gera interpretações rasas, cópias ditadas pelo senso comum
A dramaturgia final assinada por Antônio Bucca Jr.. fruto de criação coletiva, merece atenção especial para a questão da supressão de algumas arestas, pois que há cenas que pouco ou nada contribuem para o desenrolar da trama.
Todas esses detalhes sugeridos a serem revistos demonstram o bom impacto causado pelo espetáculo que para ampliar o êxito é preciso selecionar o que deve e não deve ficar