Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (michelfernandes@superig.com.br)

No segundo artigo-retrospectiva teatral 2009, me atenho a um gênero teatral que entrou em meados de 2000 na pauta das artes cênicas, embora não seja um gênero novo – historicamente, com as revistas musicais, entre outras formas teatrais que marcaram época, e nos deixaram o legado das grandes vedetes, como a diva Eloá –, nessa primeira década do século 21 deixou claro que veio não como moda, mas em busca de um novo espaço que lhe é velho conhecido, e, particularmente este ano, ocupou boa parte do teatro comumente chamado de entretenimento.
Assim como afirmei no bate-papo sobre Teatro de Entretenimento X Teatro de Vanguarda, no Vira Cultura, da Livraria Cultura, prefiro os termos risco e menor risco para tratar os espetáculos que visam a pesquisa de linguagens e os de olho em públicos mais adeptos em gastar com a diversão, respectivamente. Musicais como A Bela e a Fera e A Noviça Rebelde, por suas longas trajetórias de montagens bem-sucedidas, podem ser colocados no patamar de montagens de menor risco, ou seja, que, provavelmente, cairão no gosto do grande público. Mas, até nesses casos, a condicional não afasta de todo o risco.
Dirigida pela dupla que revitaliza nossa adormecida vocação aos musicais, sobretudo como forma de entretenimento, Charles Möeller e Cláudio Botelho, apresentaram uma montagem impecável de A Noviça Rebelde fazendo jus à plateia sempre lotada, mesmo com ingressos à altos preços. O espetáculo fez, também, temporada popular no Teatro Sérgio Cardoso, onde pudemos conferir o trabalho de “maior risco” da dupla, 7 – O Musical, texto brilhante de Charles Möeller, dirigido por Cláudio Botelho e com trilha original composta por Ed Motta, comprovando que estamos preparados não apenas para importar os clássicos do universo musical.
Para fechar esse artigo sobre musicais destacáveis em 2009, devo falar do delicioso Avenida Q, também dirigido pela dupla Möeller-Botelho, politicamente incorreto até a última gota e, certamente pela sinceridade de assumir que “preconceito todo o mundo têm”, conquistou gargalhadas sonoras e um sem-número de aplausos em cena aberta. Adriana Korgut, André Dias e Cláudia Netto, com interpretações excelentes, contribuiram para tamanho êxito do musical.
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