Maurício Mellone, editor do Favo do Mellone site parceiro do Aplauso Brasil (aplausobrasil@aplausobrasil.com)

Em Coisa de Louco, monólogo dirigido por Elias Andreato, Nilton Bicudo interpreta um palestrante contratado às pressas para falar sobre drogas, tema que ele não tem qualquer familiaridade
SÃO PAULO – No recém-inaugurado Teatro Santa Catarina — cuja sala leva o nome de Elias Andreato, coincidentemente o diretor da peça — acaba de estrear o monólogo inédito de Fauzi Arap, Coisa de Louco. No palco, somente o púlpito, uma cadeira e um flip chart para ajudar na explanação, elementos típicos de auditórios comerciais ou escolares.
Nilton Bicuro encarna o desajeitado palestrante Firmino, um contador endividado, separado da mulher e que tem filhos, que foi contratado de última hora para fazer uma palestra sobre drogas em substituição a um delegado de polícia.
Segundo ele, o delegado deve ter desistido da palestra para não perder o último capítulo da novela.
O despreparo e a falta de familiaridade com o tema a ser apresentado são confessados desde o início. Tanto que Firmino reafirma, a todo o momento, que é contador, que suas contas não estão fechando e que está ali unicamente pelo cachê.
De forma anárquica e confusa o palestrante começa falando de tudo, menos do tema central, só escreve a palavra drogas no quadro.
Aos poucos Firmino começa a discorrer sobre seus problemas pessoais, suas desavenças com a ex-mulher, sua insegurança, ao mesmo tempo em que faz críticas à mania atual das pessoas estarem conectadas permanentemente à internet e ao celular, além de serem viciadas em televisão — a grade de programação das emissoras é comparada às grades de um presídio, em que o público fica preso ao que a emissora de TV determina. Ele vai se soltando e passa a defender também o uso de medicamentos controlados, “meu médico diz que estão todos medicados”.
Assim, à medida que a relação do palestrante com o público se estreita, Firmino fica mais à vontade para tomar seus remédios e bebericar algo, que se subentende ser uma bebida alcoólica.
Com a voz empolada, meio grogue, o palestrante faz crítica ao uso indiscriminado das drogas ilícitas, sem se dar conta de sua dependência química.
Fauzi Arap, pela comédia e ironia, critica a sociedade contemporânea por meio dos vícios adquiridos com a agitação e efervescência tecnológica dos tempos atuais.

Em Coisa de Louco destaco ainda a adequada trilha sonora de Aline Meyer e a sintonia entre Nilton Bicudo e Elias Andreato, ambos atores e diretores, para a condução do espetáculo.
Detalhe: a peça é apresentada somente às terças-feiras, até 03 de julho, já que ambos estão em cartaz com outras produções (Andreato em Equus e Bicudo em A Garota do Adeus).
Roteiro:
Coisa de Louco. Texto: Fauzi Arap. Direção: Elias Andreato. Assistente de direção: André Acioly. Elenco: Nilton Bicudo. Cenários e iluminação: Elias Andreato. Figurinos: Fábio Namatame. Trilha sonora: Aline Meyer. Fotos: Lenise Pinheiro. Produção executiva: Renata Mosaner.
Serviço:
Teatro Santa Catarina (264 lugares), Avenida Paulista, 200. Horários: terças às 21h. Ingressos: R$ 30. Bilheteria: terças a domingo, das 14h às 21h. Informações: 3016-4296. Aceita cartão de débito e crédito, não aceita cheque. Vendas pela internet:www.ingressorapido.com.br e telefone 4003-2330. Duração: 55 minutos. Recomendação: 14 anos. Temporada: até 03 de julho.