SÃO PAULO – Escrita em 1969, em plena ditadura militar, O Abajur Lilás foi liberada pela censura onze anos depois, em 1980. Devido à luta pela liberação do texto tornou-se símbolo da resistência da classe teatral com a censura. A montagem de Marco Antônio Braz que estreia em 5 de julho, sexta-feira, às 20h, privilegia o caráter popular do texto.
“É a linguagem das ruas e poesia dramática sofisticada que encanta e força olhar sem medo para o espelho da nossa dura realidade humana. E, conforme previu o dramaturgo, seus textos se tornaram de uma atualidade gritante uma vez que o país não progrediu na compreensão das questões humanas e sociais”, diz Braz.
A ação tem lugar no prostíbulo de Giro, um homossexual desapiedado que conta com Osvaldo, um segurança violento, para fazer valer sua autoridade ali. Em estado de extrema degradação humana, três prostitutas tentam sobreviver. Dilma se apega aos valores e ao filho que precisa criar; a rebelde e inconsequente Célia só deseja tomar o prostíbulo e o poder para si; Leninha é novata no lugar, individualista e parece não se abalar com os conflitos alheios. Tudo se complica quando um abajur aparece quebrado no dormitório e nenhuma das três assume a culpa. A situação dramática caminha para um final violento em que antevemos uma metáfora das relações em uma ditadura, incluindo a tortura.
“A obra teatral de Plínio por si só justifica e consagra esta necessidade. A escolha dos dois textos para a abertura da companhia se dá pelo diálogo que ambos os textos possuem entre si, convidando o espectador a mergulhar na obra do maior dramaturgo paulista e um dos maiores do mundo no século XX”, diz Braz.
“No diálogo entre as obras, além naturalmente do estilo e das situações dramáticas, também se estabelecerá uma continuidade: Em Abajur a única esperança que temos é no personagem do bebê de Dilma, que no futuro irá redimir os sofrimentos e sacrifícios maternos. “Este filho se tornará exatamente o jovem Tonho de Dois Perdidos, daí a escolha e mudança de eixo da idade dos personagens nessa peça, 18 anos. O jovem que deveria representar e ser a esperança de melhores dias e de um futuro mais humano e digno torna-se símbolo de nossa falta de solidariedade, intransigência e violência”, acrescenta Braz.
Concepção das montagens inéditas por Braz
O mesmo espaço cenográfico será partilhado pelas duas peças e cada uma ganha autonomia na medida em que poucos elementos cênicos são colocados sobre o palco. O mesmo expediente cênico de projeções transforma o telão de fundo para Dois Perdidos na parede miserável de um cortiço de centro da cidade repleta de recortes de revistas de mulheres e jogadores de futebol.
A intenção é que cena a cena esses recortes se alterem fazendo a montagem atravessar os últimos 50 anos do país até revelarem um quadro de tensão e violência que nos cerca nos dias atuais.
A trilha sonora também seguirá a mesma trajetória de contextos históricos da nossa história contemporânea até desaguar nos sucessos de hoje. A principal intenção da opção cenográfica é, além da expressão artística, garantir versatilidade para que as montagens possam se apresentar em diversos palcos ou auditórios.
Ficha Técnica: O Abajur Lilás
Direção e sonoplastia: Marco Antônio Braz
Assistente de direção: Alline Gabriel
Elenco:
Natalia Lorda como Dilma
Antoniela Canto como Celia
Camila Pinetti como Leninha
Eduardo Silva como Giro
Tim Ernani como Oswaldo
Curadoria da exposição: Kiko Barros
Cenografia e figurinos: Chris Aizner
Iluminação: Ney Bonfante
Fotos e vídeos – Jamil Kubruk
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro
Produção Executiva: Amalia Pereira
Administração: Luciane Ortiz
Uma realização da Círculo Teatro Produções e da Cia PLIN de Repertório
Serviço:
Noites Sujas
O Abajur Lilás
De 5 a 28 de julho
Teatro de Arena Eugênio Kusnet – Rua Dr. Teodoro Baima, 98 – República
(11) 3259-6409
Quintas, sextas e sábados, às 20h e domingos, às 19h.
Sala Augusto Boal – 99 pessoas
Classificação etária – 16 anos
Duração – 60 minutos
Pagamento somente em dinheiro, cartão de débito e crédito.
Preços – R$ 20, e 10.