SÃO PAULO – O Aquário, adaptação teatral do romance L’Aquarium, da autora suíça Cornélia de Preux (que virá ao Brasil especialmente para a apresentação da segunda-feira, 12 de agosto), é uma reflexão sobre a necessidade de se encaixar num padrão vigente. Peça dirigida por Cássio Brasil eidealizada em parceria com Reto Melchior. No elenco estão Fabiana Gugli, Luiza Curvo, Luisa Micheletti e Robson Catalunha.
A partir de uma notícia de jornal, a autora do romance construiu uma fábula contemporânea, um mapa das armadilhas do mundo atual. Seu romance de estreia logo será lançado no Brasil numa versão bilíngue pela LF Publicações.
Num almoço de domingo de Ramos, no jardim de um condomínio, o pai de uma família de classe média anuncia, para a surpresa dos vizinhos e da sua esposa e dos três filhos, que passarão as férias nas Ilhas Fiji. O entusiasmo da viagem vai desmoronando com a dificuldade econômica em que se encontram, porém, para manter as aparências, o pai os obriga a se trancarem no porão de casa, completamente isolados do mundo, por duas semanas, simulando a viagem que fariam. Presos pelas exigências de uma sociedade baseada no consumo, onde a figura do pai é vítima e algoz dessa obsessão. Ele e sua família possuem tanta liberdade quanto os peixes em seu aquário, hobby das poucas horas vagas deste profissional liberal.
Uma nova peça a cada dia
Seguindo a proposta de experimentação, o processo será permeável e após as apresentações, todos os dias serão abertos ao debate, para que público, artistas e intelectuais convidados possam discutir o conteúdo, a forma e os aspectos sociais e estruturantes que presentes na reflexão da realidade. A sessão seguinte será revista e alterada a partir dessas discussões.
Na estrutura da cena, Cássio acrescentou um revezamento dos quatro atores no prólogo e no epílogo da peça. O elenco alterna entre o contar a história e o representá-la – criando assim uma dinâmica de contradição e estranhamento na tentativa de ampliar o nosso interesse em perceber, ou melhor, no que somos capazes de perceber, devido aos nossos interesses econômicos, nossas crenças ideológicas, nossas exigências psicológicas.
Esta é a segunda direção de Cassio Brasil, – a primeira foi Memórias do Subsolo, 2009, a partir da novela de Dostoievski. A cenografia constitui-se de um acúmulo de utensílios e eletrodomésticos, suspensos sobre a cabeça das personagens. A trama é tênue e a “inexistência” do outro transforma os diálogos numa cena surreal. A luz concretiza o encarceramento, colocando as personagens numa espécie de expositor de mercadorias, num ambiente onde o sujeito e o objeto se confundem.
O projeto O Aquário
(tradução, adaptação e experimentação)
Patrocínio
Fundação Jan Michalski
apoio institucional
Consulado Geral da Suíça
Secretaria de Estado da Cultura
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Ficha Técnica
O Aquário, adaptação teatral do romance de Cornélia de Preux
Tradução: Reto Melchior
Direção: Cássio Brasil
ELENCO:
Fabiana Gugli
Luiza Curvo
Luisa Micheletti
Robson Catalunha
WAGNER ANTONIO – projeto de luz
MURILO CARRARO – cenotécnico e diretor de palco
EDIVALDO CAETANO DA SILVA – assistente cenotécnico e gerente de transportes
OFICIO DAS LETRAS – assessoria de imprensa
WOLTZ – projeto gráfico
RENATA TORRALBA – registro e mídias sociais
Sobre a Autora
Formada em Letras pela Universidade de Genebra, Cornélia de Preux vive e trabalha em Lausanne (Suíça). A autora de língua francesa trabalha com várias organizações, na qualidade de tradutora e jornalista especializada em questões da proteção ao meio ambiente. Em 2012, a Plaisir de Lire publicou L’Aquarium, seu primeiro romance. A obra teve uma excelente aceitação pela imprensa e está sendo reeditada pela quarta vez. Além disso, a obra foi nomeada para o Prêmio Edelweiss Payot 2013 e, no mesmo ano, pré-selecionada para o Festival du premier roman de Chambéry. Seu segundo romance, que se intitula, Le chant du biloba (2016), e o terceiro livro, uma coleção de contos, La fin des haricots (2018), também foram publicados pela Editora Plaisir de Lire.
Sobre o Diretor
Cássio Brasil começou sua trajetória nas artes em cima dos palcos, como ator, mas foi na direção de arte, através da criação de figurinos e cenários, que se destacou como um dos mais expressivos profissionais das artes cênicas no Brasil. Trabalhou com Jô Soares e Bete Coelho como assistente de direção. Foi indicado ao Prêmio Carlos Gomes. Nomeado pelo Prêmio Robert da Academia Dinamarquesa de Cinema. Premiado em diversos anos pelo Prêmio Shell de Teatro e pelo Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Trabalha nas principais casas de espetáculos e com os mais respeitados diretores e companhias de Teatro, Dança, Ópera e Cinema. Dentre seus principais trabalhos estão Linha de Passe (2008) de Walter Salles e Daniela Thomas, Tudo que aprendemos juntos (2015) de Sergio Machado, Hamlet, com Thiago Lacerda, direção Ron Daniels, Ricardo III, com Marco Ricca, Denise Fraga e Glória Menezes, direção o Jô Soares, Vazante (2016) de Daniela Thomas. Atualmente vive em São Paulo, realizando trabalhos nesta cidade e em diversas outras cidades brasileiras, além de projetos fora do país.
Serviço:
Oficina Cultural Oswald de Andrade
rua Três Rios, 363
Bom Retiro (metrô Tiradentes)
de 05 a 17 de agosto
No Espaço Cênico
80 Lugares
Indicação de faixa etária – 16 anos
Segunda a sexta
20h (apresentação); 21h (discussões)
Sábado
16h (apresentação); 17h (discussão)