Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

As Traças da Paixão é um dos textos mais radicais da dramaturgia de Alcides Nogueira. Nele, o escritor rompe ferozmente com a linearidade narrativa e com a identidade das personagens. Podemos classificar a peça de Alcides como “um delírio poético”.
Grosso modo, a peça mostra o encontro das personagens Paco e Marivalda Revólver. Este é o mote para que Alcides crie diversas identidades para essas personagens. Paco procura Marivalda, porque acredita que ela seja uma sobrevivente da aristocracia russa. Os dois vivem diversas relações tanto como mãe e filho, como também de amantes. A Partir desse enredo, Alcides faz diversas citações. Tchekov, Caetano Veloso, Plínio Marcos, José Celso Martinez Corrêa são alguns dos artistas homenageados em As Traças da Paixão.
O espetáculo teve uma encenação célebre, em 1995, com Walderez de Barros e Cláudio Fontana, sob a direção de Márcio Aurélio. Não a assisti, logo não posso fazer comparações. Acho que Alcides encontrou em Lucélia Santos e Mauricio Machado dois excelentes atores para viajarem em seu barco bêbado.
Lucélia estava afastada do teatro há alguns anos. E volta nessa montagem, agora dirigida por Marco Antonio Braz, com uma garra e uma visceralidade impressionantes.
O mesmo pode-se dizer de Mauricio Machado, ator jovem, porém com uma já longa carreira teatral, que mantém uma força cênica admirável.
O espectador nota que a dupla mergulhou fundo neste labiríntico jogo teatral proposto pelo texto e dirigido com competência por Braz. Um labirinto que muitas vezes lembra a obra literária do argentino Jorge Luis Borges. O que faz de As Traças da Paixão um programa obrigatório para os apreciadores do bom teatro.
As Traças da Paixão
Local: Teatro Poeira- Rio de Janeiro
Quintas, Sextas e Sábados, 21 horas
Domingo- 20 horas
Ingressos: Quinta, Sexta e Domingo-R$ 40,00
Sábados-R$ 50,00