Luís Francisco Wasilewski , especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)
Sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, com cinco indicações ao Prêmio Shell O Despertar da Primavera é o novo musical dos midas do Teatro Musical Brasileiro, Charles Möeller e Claudio Botelho a chegar aos palcos paulistas. Com produção da Aventura Entretenimento, o espetáculo estreia em São Paulo na próxima sexta-feira, dia 12 de março, no Teatro Sergio Cardoso.
A versão musical do espetáculo, criada com base no texto original do alemão Frank Wedekind, estreou em 2006 no circuito Off-Broadway e, no mesmo ano, chegou aos palcos da Broadway.
“A união do rock com um texto de 1891 foi um escândalo. É diferente de tudo o que vinha rolando lá nos últimos anos, absolutamente vanguardista”, empolga-se Claudio.
Para Charles Möeller, “a grande sacada é colocar a música de hoje relacionada aos jovens daquela época. Seus gritos e buscas permanecem os mesmos. Em 2009, podemos usufruir da liberdade total, mas continuamos sofrendo das mesmas doenças e inseguranças. O tempo passou, mas a essência do homem se mantém oprimida muitas vezes, especialmente diante da Família, da Igreja e do Estado”.
O texto original de Wedekind foi proibido imediatamente após a sua publicação na Alemanha e acusado de incitar os jovens ao suicídio e à prostituição, mas o dramaturgo dizia que estimulava os jovens à vida e à liberdade.
“Ele teve coragem de tocar em tabus sem qualquer máscara, isso ainda no fim do século 19. Ele desmistificou a história da cegonha trazer os bebês, falou abertamente sobre o prazer, mostrou pela primeira vez uma menina já sexualizada no teatro (Ilse, a personagem que foge de casa), além do primeiro beijo homossexual aberto na história da dramaturgia”, explica Charles. “A peça discorre sobre vários temas, mas é fundamentalmente sobre o sexo. O adolescente é um mundo secreto e esse espetáculo oferece uma possibilidade de espiarmos este mundo pelo buraco da fechadura”, complementa.
Para a concepção do musical, Duncan Sheik e Steven Sater trabalharam durante oito anos em cima do texto original.
“Eles queriam algo diferente que pudesse ser transformador. Nada mais natural que bebessem na fonte do Wedekind. Tudo o que ele desejou há mais de um século vem se concretizar de modo diferente agora, com a nova linguagem do musical. Ele queria que a peça fosse um grito de liberdade e isso é sem nenhuma dúvida a tônica desta nova versão”, exalta Charles.
Após uma avassaladora temporada no circuito Off-Broadway, em 2006, o espetáculo estreou no mesmo ano na Broadway e conquistou os principais prêmios do teatro norte-americano: oito Tony Awards (melhor musical, melhor texto de musical, melhor trilha original, melhor direção, ator revelação, melhor coreografia, melhor orquestração e melhor iluminação), um Grammy de melhor álbum de musical, além de ser eleito o Melhor Musical pelo New York Drama Critics Circle Award, o Drama Desk Awards, o Outer Critics Circle Awards, o Lucille Lortel Awards e o Drama League Awards. Foi ainda eleito o “espetáculo do ano” pelo jornal New York Times. Atualmente, o musical está em turnê pelos Estados Unidos e Canadá e já foi montado em Londres, na Suécia, Hungria, Dinamarca, Áustria, Finlândia, Japão, entre outros.
A montagem brasileira de O Despertar da Primavera conseguiu autorização para ser a primeira non-replica no mundo desde a estreia na Broadway. Isto significa que, usando o mesmo texto e canções do musical, Charles Möeller e Claudio Botelho estão realizando a primeira direção e concepção diferente das originais.
“É um fato inédito montarmos uma produção tão recente da Broadway com a autorização para uma direção autoral. Geralmente, os espetáculos de grande sucesso levam muitos anos para que comecem a ser ‘licenciados’ pelos autores sem a obrigatoriedade da cópia”, revela Claudio. “Tive total liberdade para a tradução dos textos e as versões das canções, e só me interessa trabalhar assim. Só não mexi nas partituras e nos arranjos, que considero perfeitos e que são, como sempre, a alma e o sentido principal de um musical”, complementa.
A versão brasileira traz diversas diferenças do que foi apresentado na Broadway.
“Só monto um espetáculo se puder dar a minha opinião sobre ele, não faço réplicas, pois para isso minha função seria praticamente desnecessária”, explica Charles. “No original da Broadway, as músicas são apresentadas como um grande show. Na hora em que cantam, os personagens se transformam em ídolos de rock, com o microfone nas mãos. Entendemos as canções como as projeções do pensamento dos adolescentes. Em nossa versão, tudo acontece apenas na cabeça deles. Não é o que eles estão vivendo, mas o que gostariam de expressar”.
O elenco é formado por jovens entre 14 e 26 anos. “Uma das únicas exigências dos criadores originais foi que os atores tivessem a idade muito próxima dos personagens. Não são adultos se passando por adolescentes. Acho o máximo trabalhar com esses garotos”, entusiasma-se Charles
Malu Rodrigues (Wendla), Pierre Baitelli (Melchior), Rodrigo Pandolfo (Moritz), Letícia Colin (Ilse) e Thiago Amaral (Hanschen) encabeçam o elenco brasileiro, formado por Alice Motta, André Loddi, Bruno Sigrist, Clara Verdier, Danilo Timm, Davi Guilherme, Eline Porto, Estrela Blanco, Felipe de Carolis, Laura Lobo, Lua Blanco, Mariah Viamonte, Felipe Tavolaro e Thiago Marinho. Débora Olivieri e Eduardo Semerjian interpretam todos os adultos do musical.
Os cenários de Rogério Falcão usam tijolos e paredes para reforçar a incomunicabilidade, a castração. Os figurinos de Marcelo Pies utilizam transparências, deixando à mostra pequenas imagens, seja uma folha, uma boca, revelando sutilmente aquilo que deveria estar oculto. A ficha técnica traz ainda habituais parceiros da dupla. A coordenação artística é de Tina Salles, a luz de Paulo César Medeiros, e a direção musical de Marcelo Castro. Para a coreografia, foi convidado o brasileiro Alonso Barros, radicado em Vienna e um dos coreógrafos mais experientes em teatro musical no circuito europeu de entretenimento.
O DESPERTAR DA PRIMAVERA
Música de Ducan Sheik
Texto e Letras de Steven Sater
Baseado na obra de Frank Wedekind
DIREÇÃO
Charles Möeller
VERSÃO BRASILEIRA / SUPERVISÃO MUSICAL
Claudio Botelho
DIREÇÃO MUSICAL
Marcelo Castro
COREOGRAFIA
Alonso Barros
CENÁRIO
Rogério Falcão
FIGURINOS
Marcelo Pies
VISAGISMO
Beto Carramanhos
DESIGN DE LUZ
Paulo César Medeiros
DESIGN DE SOM
Marcelo Claret
COORDENAÇÃO ARTÍSTICA
Tina Salles
ELENCO
Malu Rodrigues
Letícia Colin
Pierre Baitelli
Rodrigo Pandolfo
Thiago Amaral
Débora Olivieri e Eduardo Semerjian
com:
Alice Motta
André Loddi
Bruno Sigrist
Clara Verdier
Danilo Timm
Davi Guilhermme
Eline Porto
Estrela Blanco
Felipe de Carolis
Felipe Tavolaro
Laura Lobo
Lua Blanco
Mariah Viamonte
Thiago Marinho
PRODUTOR EXECUTIVO
Luiz Calainho
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Aniela Jordan
Beatriz Secchin Braga
Monica Athayde Lopes
UM ESPETÁCULO DE
Charles Möeller & Claudio Botelho
SERVIÇO
O Despertar da Primavera
Teatro Sergio Cardoso
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Tel: (11) 3288-0136
Estreia dia 12 de março
Temporada de 12 de março a 2 de maio
Quintas, sextas e sábados, às 21h.
Domingos, às 18h.
Ingressos a R$ 60.
Classificação etária: 14 anos
Lotação: 856 lugares
Duração do espetáculo: 120 minutos (mais intervalo)
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