Guto Rocha/Assessoria de Imprensa FILO

Em Teatro Delusio, companhia alemã mostra, com o uso de máscaras, a relação entre três técnicos e artistas que passam pela casa de espetáculo
Personagens imprescindíveis para que um espetáculo aconteça, os técnicos estão sempre no lado oculto dos teatros. Em Teatro Delusio, montagem que a companhia alemã Familie Flöz apresentou no FILO 2011, esses profissionais têm suas funções reveladas com uma boa dose de humor.
Teatro Delusio é a casa de espetáculos onde trabalham três técnicos: Bernd, um homem que sofre de um cansaço crônico e está sempre cumprindo ordens; Bob, jovem forte e imprevisível, e Ivan, que controla os outros dois colegas. A montagem conta, sem o uso de palavras, as histórias desses três homens e as relações que eles mantêm com os artistas que brilham nas peças de teatros, óperas e balés que são apresentadas na casa.
“É uma relação cheia de conflitos, permeada por seus sonhos, angústias, medos e ambições”, comenta o ator Hajo Schüeler, um dos fundadores da companhia.
O cenário da montagem representa a parte que fica imediatamente atrás do palco do Teatro Delusio. Entre um ato e outro, pelo local desfilam todos os artistas que fazem parte dos espetáculos apresentados na casa. Nestes encontros, entre as estrelas e os técnicos, se estabelecem relações quase sempre conflituosas.

“Queremos com o espetáculo fazer uma homenagem ao teatro e aos seus trabalhadores, pessoas que nunca aparecem, e que vivem situações que a plateia nunca vê”, diz o ator Paco Gonzáles.
Além dos três técnicos, os atores interpretam outros 29 personagens, que são os artistas que se apresentam no Teatro Delusio. Aí entra a principal marca da companhia alemã, que é a utilização de máscaras em suas montagens. Elemento que está na origem do grupo.
“A máscara nos permite trocar os de personagens rapidamente. Cada um nós interpreta dez personagens diferentes durante a apresentação”, diz Schüeler.
Os sons incidentais e as músicas que compõem a trilha sonora também têm papel importante na montagem.
“Como não há texto, o som ajuda o público entender o que acontece, como nas cenas em que do outro lado está acontecendo um espetáculo. Os momentos de silêncio também são importantes. É quando há maior interação com a plateia”, afirma Gonzáles.
A Cia. Familie Flöz surgiu em 1996, depois que Hajo Schüler e seu colega de faculdade de teatro e mímica na Folkwang Hochschule, de Essen, Alemanha, apresentaram um trabalho de conclusão de curso sobre a vida dos mineradores da região em que vivem. Nesta montagem, já utilizaram máscaras confeccionadas por eles mesmos. Após este trabalho, eles se uniram ao diretor Michael Vogel, para montar o espetáculo Familie Flöz Kommt Über Tage, que mais tarde deu nome ao grupo.
Teatro Delusio estreou em 2004, e desde então foi apresentada em mais de 30 países. O grupo, segundo Schüler, não tem um elenco fixo, mas reúne cerca de 20 atores, e atualmente está com cinco espetáculos em turnê. Esta é primeira vez que a companhia vem ao Brasil. A montagem apresentada no FILO, já foi vista em Belo Horizonte, e segue para Brasília, onde ficará em cartaz entre 23 e 26 de junho.