Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

Montada pela primeira vez há 50 anos pelo Teatro Cacilda Becker, a deliciosa comédia de Ariano Suassuna, O Santo e a Porca, ganha nova montagem encenada pelo grupo carioca Limite 151 Companhia Artística. A peça estreia no dia 07 de maio às 21hs no Theatro São Pedro, em Porto Alegre. O espetáculo percorrerá outras cidades do Rio Grande do Sul em sua turnê.
Dirigida por João Fonseca, a peça traz no elenco Élcio Romar, Gláucia Rodrigues, Marco Pigossi , Nedira Campos, Marcio Ricciardi, Janaina Prado e Nilvan Santos. A montagem estreou no Rio de Janeiro em 2009, arrebatou o Prêmio APTR 2009 de melhor figurino para Ney Madeira e foi indicada ao Prêmio Shell nas categorias melhor atriz (Gláucia Rodrigues) e melhor figurino. Dando continuidade a este sucesso, O Santo e a Porca foi selecionado pelo Programa BR de Cultura 2009/2010 para realizar apresentações em 16 cidades: São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Londrina, Ponta Grossa, Maringá, Joinville, Jaraguá do Sul, Blumenau, Itajaí, Chapecó, Lages, Porto União, Santa Maria, Caxias do Sul.

A Cia Limite 151 está acostumada a montar textos clássicos. As mais recentes produções apresentadas por ela foram As Preciosas Ridículas, com direção de Cláudio Torres Gonzaga, e O Doente Imaginário, encenação de Jacqueline Laurence, ambas escritas pelo dramaturgo francês Molière (1622-1673).
“Estreamos no cenário teatral com Os Sete Gatinhos, de Nelson Rodrigues. Passeamos por Jorge Andrade, William Shakespeare, entre tantos outros de grandeza universal. Chegamos ao Ariano Suassuna. Ele é um dos nossos maiores intelectuais vivos, uma pessoa ímpar e um autor espetacular. E fazia 80 anos. Quisemos homenageá-lo e acertamos em cheio”, conta a atriz Gláucia Rodrigues.
A história gira em torno do avarento coronel Euricão Engole Cobra, devoto de S. Antonio (o santo) e com uma verdadeira loucura por uma porca que guarda um segredo que lhe é muito caro.
“No final da peça esse segredo será revelado”,confessa o ator Élcio Romar, convidado pela Cia Limite 151 para interpretar Euricão.
Na peça, a avareza doentia de Euricão vai deixá-lo pobre e solitário. Caroba, interpretada por Gláucia Rodrigues, é uma criada de Euricão, namorada de Pinhão. Para se casar com Pinhão, que trabalha para o milionário Eudoro, a esperta criada arquiteta um confuso e hilário plano.
“A Caroba é a clássica personagem das grandes comédias: astuta, esperta, quase sem caráter para conseguir seus objetivos: fazer o amor triunfar sobre todas as coisas e… comer!”, brinca Gláucia. “Aí entra o olhar brasileiro/nordestino da obra de Suassuna. A Caroba é uma sobrevivente da miséria brasileira”.
Todos se deixam envolver nessa trama levando para um lado os “oprimidos” de todas as espécies e, de outro, os supostos opressores, Euricão e Eudoro.
A estreia do espetáculo em São Paulo, em março deste ano, teve gosto de novidade, graças à entrada de Marco Pigossi no lugar de Armando Babaioff.
“Estava ansioso para voltar aos palcos, afinal foi onde tudo começou. Fiquei muito feliz com o convite da Cia Limite 151” , conta Pigossi.
O jovem ator comemora o sucesso do seu primeiro papel de destaque na televisão, o divertido Cássio, de Caras & Bocas.
Na peça, Pigossi dá vida a Dodô, um bronco que só tem um objetivo na vida: casar com Margarida (Janaína Prado). Disfarçado, ele vai trabalhar na casa do pai de Margarida.
“Seu disfarce envolve uma boca torta, uma voz esquisita e, para completar, ele é manco”, diverte-se Pigossi.
E neste ponto é conveniente lembrar que o disfarce é um recurso clássico do genero cômico.
A montagem leva a assinatura do diretor João Fonseca, que este ano concorreu ao Shell pela direção de Oui, Oui A França é aqui. João iniciou a sua carreira trabalhando com Neyde Veneziano. Em O Santo e a Porca buscou instaurar um ambiente de encantamento, onde os contrastes entre a riqueza e a pobreza saltam aos olhos.
“Minha encenação é simples e procura privilegiar o essencial do teatro: o texto e os atores”, explica.
É a primeira vez que o diretor trabalha com a Cia Limite 151. Ele conta que topou o desafio motivado pela admiração ao trabalho da trupe, em especial da atriz Gláucia Rodrigues.
Depois de dirigir Gota D’Água (Chico Buarque e Paulo Pontes) e A Falecida (Nelson Rodrigues), João Fonseca encara mais um clássico, desta vez de um autor nordestino.
“É um prazer dirigir textos brasileiros. Ainda mais por que em todos esses trabalhos o foco é no oprimido. O Santo e a Porca tem um olhar sobre o sertão, os grandes coronéis. Suassuna enxerga a capacidade de transmutar do pobre sertanejo, a capacidade de sobreviver, que faz com que a vida lhes dê uma inteligência grande para isso”, conta o diretor.
O Santo e a Porca – Estréia dia 07 de maio às 21h
Texto – Ariano Suassuna. Direção – João Fonseca. Elenco – Élcio Romar (Euricão), Gláucia Rodrigues (Caroba), Marco Pigossi (Dodô), Marcio Ricciardi (Eudoro Vicente), Nedira Campos (Benona), Janaína Prado (Margarida), Nilvan Santos (Pinhão). Cenário – Nello Marrese. Música Original e Direção Musical – Wagner Campos. Figurinos – Ney Madeira. Luz – Rogério Wiltgen.
Temporada: de 07 a 09 de maio
Horários: sexta e sábado às 21h e Domingo às 18h
Ingressos:
Plateia: 50,00 / camarotes centrais e cadeiras extras: 40,00
camarotes laterais: 20,00 e galerias: 10,00
Duração – 80 minutos. Recomendado para maiores de 10 anos.