Luís Francisco Wasilewski, especial para o Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

O espetáculo que estreou em setembro de 2011, no dia do aniversário de 5 anos do Espaço Parlapatões, está de volta para apresentações todas as sextas-feiras, à meia-noite.
SÃO PAULO – Para Hugo Possolo, Ridículos Ainda e Sempre é uma peça que procura representar a alegria da existência do grupo há 20 anos sendo tão bem recebido pelo público.
“O sucesso imediato é uma doença de nossos dias e nos sentimos numa posição privilegiada quando vemos que estamos tanto tempo interessando o público com o teatro que fazemos”, completa o diretor.
A escolha da peça a ser encenada para essa comemoração surgiu um pouco ao acaso. Foi durante uma entrevista de Hugo Possolo ao Programa Provocações, apresentado por Antonio Abujamra, TV Cultura. Abujamra pergunta o que o grupo prepara e afirma que tem um texto para oferecer. Assim, após a gravação, apresenta a tradução feita por Tatiana Belinky, por encomenda dele, do texto de um poeta russo, surrealista, precursor do futurismo, pouco conhecido no Brasil, Daniil Kharms. E assim foi.
No palco cinco pessoas totalmente ridículas, como qualquer ser humano, vivem situações aparentemente desconexas entre si. O que dará sentido a todas é a ideia de descoberta.
De encontros amorosos, a discussões sobre política, de disputas esportivas ao momento de uma refeição, tudo tem uma ligação. Porém, cada uma das situações contém algo inusitado que os desprende da realidade. Como, por exemplo, enquanto duas pessoas desfrutam de um banho de sol, sentem, na verdade, o calor de um mendigo que é incendiado ao seu lado.
São fortes metáforas, hipérboles declaradas que geram tanto o riso quanto o desespero.
Cada fato vivido pelas personagens ridículas em cena reflete de forma absurda, que por mais que nos esforcemos em tornar tudo pior, sempre haverá uma saída. Ainda que algumas opções da vida não sejam nobres, ou seja, não sejam moralmente aceitáveis, muitas delas fazem parte de nosso cotidiano.
Ao jogar com a moralidade – ou com a falta dela –, Khrams permite que o público se identifique no que tem de mais complexo, a sua humanidade. Transfere o dilema shakespeariano daquilo que somos ou não somos, para aquilo que deveríamos ser e não somos, para que cada um na plateia decida por si.

Ridículos Ainda e Sempre permite aos Parlapatões a retomada de elementos do início do grupo, como o espírito de cabaré de Karl Valentin, o grande cômico que influenciou Brecht. Assim buscam o sentido lírico naquilo que o palhaço tem de mais importante, que é fazer o público rir. Em sua celebração de 20 anos de grupo os Parlapatões fogem da nostalgia e mergulham com vigor em apontar a alegria dos anos que virão.
Ficha Técnica
TEXTO Daniil Kharms.TRADUÇÃO: Tatiana Belinky.ADAPTAÇÃO Antonio Abujamra e Hugo Possolo
DIREÇÃO Hugo Possolo
ELENCO
Hugo Possolo, Raul Barretto, Jaqueline Obrigon, Abhiyana e Hélio Pottes
TRILHA SONORA André Abujamra
CENÁRIO E FIGURINO Hugo Possolo
ASSISTENCIA DE FIGURINOS Silvana Ivaldi
PINTURA CÊNICA: Werner Schulz.ILUMINAÇÃO: Reynaldo Thomaz e Hugo Possolo
FOTOS Luiz Doroneto e Lucas Arantes
PROGRAMAÇÃO VISUAL Werner Schulz
Ridículos Ainda e Sempre
Espaço Parlapatões (100 lugares)
Praça Franklin Roosevelt, 158
Informações – 11 3258.4449
Central de vendas: (11) 4003.1212 e www.ingressorapido.com.br
Bilheteria: de terça a domingo, a partir das 16h. Aceita todos os cartões de crédito e débito, não aceita cheque.
Toda sexta-feira à meia-noite
Ingressos: R$ 40
(Meia-entrada R$ 20, inclusive para carteirinhas falsificadas)
Duração: 80 minutos
Recomendação: 14 anos
Reestreia dia 20 de janeiro de 2012
Temporada: até 23 de março