Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)
SÃO PAULO – Eles modificaram a paisagem sócio-cultural da região central da capital paulista. Basta lembrar como era e como está a Praça Roosevelt nesses 13 anos que fazem desde quando fui, chamado pelo ator Ivam Cabral, pela primeira vez, à sede d’Os Satyros há quase quinze anos. E, em comemoração aos 25 anos da companhia (primeiro em São Paulo, deois um auto-exílio europeu e, por fim, a praça), Os Satyros estreiam hoje o projeto E Se Fez a Humanidade Ciborgue em 7 Dias, composto por sete espetáculos (Não Amarás, Não Fornicarás, Não Morrerás, Não Permanecerás, Não Saberás, Não Salvarás e Não Vencerás) que se revezarão no palco do Espaço dos Satyros Um todos os dias da semana, às 19h, de segunda a domingo. Para a estreia será realizada uma maratona especial, com 9 horas de duração, com início às 16h, apresentando os sete espetáculos em sequência.
Partindo dos conceitos de teatro expandido e humanidade expandida, Os Satyros propuseram-se a enfrentar uma série de desafios inéditos em sua história. Robôs, telefonia móvel e seus aplicativos, internet, e experimentos científicos foram utilizados para o desenvolvimento das cenas e da dramaturgia.
Também foram convidadas sete personalidades brasileiras, de destacada atuação em suas áreas respectivas, que contribuíram com textos-provocações especialmente escritos para o projeto e incluídos no roteiro geral: Contardo Calligaris (psicanálise), Drauzio Varella (medicina), Marcos Piani (engenharia genética), Marici Salomão (teatro), Pedro Burgos (jornalismo científico), Rosana Hermann (internet) e Xico Sá (jornalismo).
Vale destacar a presença do artista uruguaio convidado Pablo Benitez Tiscórnia, no Brasil especialmente para trabalhar no projeto, que criou elementos de robótica para a cena.
O projeto também se propõe a um desafio matemático a ser resolvido até o final de sua temporada. Até lá, todos os espetáculos serão constantemente reensaiados e chegarão às suas últimas apresentações contando com a mesma duração de tempo, seguindo à risca, no que concerne à duração das cenas, os números da sequência de Fibonacci, em linhas gerais, uma sucessão de números que, misteriosamente, aparece em muitos fenômenos da natureza.
Cada projeto teve um assistente de direção responsável pelo desenvolvimento do trabalho, com coordenação geral de Rodolfo García Vázquez.
Os sete espetáculos são:
Não Amarás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Amor e Solidão, “Não amarás” remete à virtualidade das relações contemporâneas, à fluidez das mesmas e ao desafio de manter vivas relações que estão sendo o tempo todo bombardeadas pela velocidade e pelo excesso de informações. “Não Amarás” pode ser tanto “não conseguirás amar” quanto “não quererás amar”. Interação de telefonia móvel e depoimentos são alguns dos elementos do trabalho.
Texto-provocação: Contardo Calligaris
Diretor assistente: Ivam Cabral
Com Fernanda D’Umbra, Gustavo Ferreira, Ivam Cabral, Luiza Gottschalk e Robson Catalunha.
Não Fornicarás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Sexo Corporal e Digital, “Não Fornicarás” trata da corporificação do sexo virtual e da virtualização do sexo corporal. Num mundo onde todas as relações exigem uma proteção plastificada, o mundo digital permite a realização de toda e qualquer fantasia e o encontro veloz dos iguais. Bonecas de plástico, sites pornográficos interativos, sexo entre robôs e pedofilia virtual fazem parte das cenas do trabalho.
Texto-provocação: Rosana Hermann
Diretor assistente: Robson Catalunha
Com Fábio Penna, Giovanna Romanelli, Ivam Cabral, Julia Bobrow, Marcelo Thomaz, Nina Nóbile, Pablo Benitez Tiscornia e Robson Catalunha.
Não Morrerás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Corpo e Morte, “Não Morrerás” trata da necessidade de alongar a vida em todas as instâncias e do esmaecimento dos rituais da morte e da passagem. Em um mundo cheio de fármacos e cirurgias plásticas, buscamos a manutenção da juventude eterna de forma artificial, fugindo de qualquer relação com o envelhecimento. Mulheres-bonecas, sites com previsões futuras, a figura da diva clássica e Frankenstein são alguns dos temas abordados pelo trabalho.
Texto-provocação: Drauzio Varella
Diretor assistente: Fábio Ock
Com Bruno Gael, Fábio Ock, Fábio Penna, Henrique Mello, Katia Calsavara e Phedra De Córdoba.
Não Permanecerás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Espaço e Tempo, “Não Permanecerás” aborda a questão da percepção da velocidade e da transitoriedade do mundo contemporâneo. Teatro robótico, aplicativos de celular e interatividade formam os elementos cênicos propostos para textos de Albert Einstein.
Texto-provocação: Pedro Burgos
Diretor assistente: Pablo Benitez Tiscornia
Com Bruno Gael, Débora Tieppo, Marya Ribeiro, Pablo Benitez Tiscornia, Patricia Luna, Suzana Muniz e Taís Luna.
Não Saberás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Ciência e Natureza, o espetáculo “Não Saberás” parte da necessidade humana de tentar controlar a imprevisibilidade da natureza através da ciência e de como esta acaba por afetar os eventos naturais. Uma maquete de cidade cenográfica realizada com pedaços de computadores mortos, de uma praia artificial e um experimento científico que gera energia elétrica ao vivo por um dos atores fazem parte do espetáculo.
Texto-provocação: Marcos Piani
Diretor assistente: José Sampaio
Com Dyl Pires, José Sampaio, Samira Lochter e Suzana Muniz.
Não Salvarás
Surgido do núcleo que desenvolveu o trabalho a partir do binômio Fé e Ateísmo, o espetáculo “Não Salvarás” trata do enfraquecimento das instituições religiosas tradicionais e do advento de um ateísmo militante e novas expressões de fé. Cenas com elementos religiosos tradicionais e textos de Nietzsche foram fundamentais para a realização das cenas.
Texto-provocação: Xico Sá
Diretor assistente: Henrique Mello e Tiago Leal
Com Dione Leal, Gustavo Ferreira, Henrique Mello, Luiza Gottschalk, Samira Lochter e Tiago Leal.
Não Vencerás
Partindo do binômio Poder e Individualidade, o núcleo desenvolveu o espetáculo “Não Vencerás” a partir da questão da dificuldade de manter o anonimato em uma sociedade controlada digitalmente. A eliminação de vestígios digitais, nos dias de hoje, torna quase impossível a ação anônima. Depoimentos de black blocs, máscaras, busca da felicidade individual e o conflito desta com uma realidade sufocante, interação com o público e a violência são alguns dos elementos fundadores das cenas.
Texto- provocação: Marici Salomão
Diretor assistente: Dyl Pires
Com atores participantes do projeto que preferem preservar o anonimato.
Ficha Técnica
Coordenação Geral: Rodolfo García Vázquez
Artistas Criadores: Cléo de Paris, Esther Cardoso, Dyl Pires, Fabio Penna, Fábio Ock, Gustavo Ferreira, Henrique Mello, Ivam Cabral, José Sampaio, Julia Bobrow, Katia Calsavara, Luiza Gottschalk, Samira Lochter, Robson Catalunha, Phedra de Cordoba, Fernanda D’Umbra, Tiago Leal, Marcelo Maffei e Vini Lopes.
Produtora Executiva: Daniela Machado
Técnicos: Carina Moutinho, Flávio Duarte e Vinicius Alves
Dramaturgismo: Nina Nóbile
Diretores assistentes: Dyl Pires, Fábio Ock, Henrique Mello, Ivam Cabral, José Sampaio, Pablo Benitez Tiscornia, Robson Catalunha e Tiago Leal
Artistas convidados: Bruno Gael, Débora Tieppo, Dione Leal, Giovanna Romanelli, Guilherme Araújo, Marcelo Thomaz, Marya Ribeiro, Pablo Benitez Tiscornia, Patricia Luna, Suzana Muniz e Tais Luna.
Administração do Espaço e Produção Executiva: Carina Moutinho
Consultoria de sonorização: Raul Teixeira
Coordenação do projeto: Daniela Machado
Coordenação financeira: Vinicius Alves
Coordenação de trilha sonora: Fábio Ock
Cenografia e adereços: Luiza Gottschalk e Marcelo Maffei
Robôs: Pablo Benitez Tiscornia
Figurinos: Telumi Hellen
Assistente de figurinos: Cláu Marmo
Provocadores: Contardo Calligaris, Drauzio Varella, Marcos Piani, Marici Salomão, Pedro Burgos, Rosana Hermann e Xico Sá.
Iluminação: Flávio Duarte
Fotos: André Stéfano
Vídeos: Vini Lopes e Bruno Gael
Programação visual: Henrique Mello
Operação de luz: Flávio Duarte
Operação de som: Evando Carvalho
Operação de vídeo: Guilherme Araújo, Marcelo Maffei e Carina Moutinho.
Assessoria de imprensa: Robson Catalunha
Serviço
E Se Fez a Humanidade Ciborgue em 7 Dias
Onde: Espaço dos Satyros Um (Praça Roosevelt, 214)
Quando: Todos os dias da semana às 19h.
Valor: Gratuito até 08 de abril. Após 08 de abril R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia entrada)
Duração: 50 minutos.
Estreia: 08 de março às 16h.
16h – Não Permanecerás
17h30 – Não Morrerás
19h – Não Vencerás
20h30 – Não Salvarás
22h – Não Amarás
23h30 – Não Fornicarás
09 de março
01h – Não Saberás
A partir do domingo, dia 09 de março, os espetáculos serão apresentados nos seguintes dias:
Não Amarás: domingos, 19h.
Não Permanecerás: segundas, 19h.
Não Morrerás: terças, 19h.
Não Saberás: quartas, 19h.
Não Vencerás: quintas, 19h.
Não Salvarás: sextas, 19h.
Não Fornicarás: sábados, 19h.
Temporada: de 09 de março até 28 de setembro.