Nanda Rovere, do Aplauso Brasil (nanda@aplausobrasil.com)
SÃO PAULO – O espetáculo Sabiá é inspirado na canção homônima de Chico Buarque e Tom Jobim e mostra a trajetória de personagens que tiveram as suas vidas afetadas pelo totalitarismo do regime militar. A temporada vai até o dia 06 julho e as sessões acontecem às sextas e sábados às 21h30 e domingos às 18h. No elenco, estão os atores Eliana Guttman, Gustavo Haddad e Jerusa Franco.
Sabiá foi a terceira produção teatral da Cia de Teatro Pessoal do Faroeste, em 2000, e na época contou com Bri Fiocca, Mariana Melgaço e Daniel Alvim no elenco. A reestréia da montagem marca os 50 anos do Golpe e fala de um assunto que não pode ser esquecido para que nunca mais se repita.

A peça mostra o reencontro das amigas Helena e Joana, ex-cunhadas que tentam superar o desaparecimento de Ricardo, torturado e assassinado pelos militares.
Helena teve um namoro conturbado com Ricardo devido à perseguição que ele sofria e conseguiu refazer a sua vida. Joana ainda vive na mesma casa em que residia com o irmão, luta contra a solidão passando boa parte do seu tempo na Internet e a saudade a atormenta; como nunca recebeu notícia da morte do seu irmão, ainda alimenta a esperança de que ele esteja vivo.
O tempo, no entanto, não apagou a dor da perda, sobretudo porque o corpo de Ricardo nunca apareceu.
Situações atuais e do passado se misturam a partir do encontro dessas mulheres que não se vêem há três anos.

Helena, recém separada, traz a revelação de um segredo sobre o desaparecimento de Ricardo e as lembranças revelam o quanto as agruras da ditadura afetaram a vida dessas mulheres.
O desespero da moça é enorme ao descobrir que seu marido é um bandido e que ela, mesmo sem querer, acabou ocasionando a prisão de Ricardo
O texto prende a atenção pelo teor poético que carrega e as cenas são bem-costuradas. O tempo não é cronológico, acompanha a memória das personagens.
A encenação está centrada nos atores e na força emotiva do texto. No palco vazio, somente uma cortina na qual são projetadas algumas imagens que registram, numericamente, os anos de ditadura.
Ricardo aparece em flashbacks e a sua presença e energia é muito forte, impactante. A sua interação com Joana e Helena gera momentos em que a emoção aflora.
Eliana Guttman dá um show de interpretação. Vive com maestria Joana a sua amargura e a luta para que o cotidiano seja suportável.
Gustavo Haddad também merece elogios, pois dá credibilidade a um personagem idealista, ávido por liberdade e que acredita na luta armada como a única maneira da volta da democracia no Brasil.
Em alguns momentos, Jerusa Franco dá à sua personagem um tom dramático exagerado que retrata o sofrimento de Helena, mas que não tem a mesma empatia dos seus colegas de palco.
A trilha é um trunfo, na medida em que traz canções emblemáticas como Sabiá, que era a música preferida de Ricardo, e embala as recordações do passado.
Ficha Técnica
Autor e Direção: Paulo Faria
Assistente de Direção: Priscila Machado
Elenco: Eliana Guttman, Gustavo Haddad e Jerusa Franco
Trilha: Tunica
Figurino e cenário: Paulo Faria
Iluminação: Cizo de Souza
Vídeo: Dário José
Fotos: Rodrigo Reis
Direção de Produção: Cizo de Souza &Taciana Machado
Produção Executiva: Rosana Penna
Publicidade Cultural: Lúdicos Difusão Cultural
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Serviço
Temporada: 10 de maio a 06 de julho de 2014
Teatro MuBE Nova Cultural
Rua Alemanha, 221 – Jd. Europa – São Paulo/ SP
Maio: Sábados ás 21h30 e Domingos ás 18h00.
Junho e julho: Sextas e sábados às 21h30 e Domingos às 18h00.
Ingresso: R$40,00. R$20,00 (meia)
Duração: 70 minutos. Classificação: 14 anos
Capacidade: 192 lugares, mais 20 lugares extras e 2 para portadores de necessidades especiais de mobilidade
Bilheteria do teatro: (11) 4301-7521 e 2386-8194
Site: mubenovacultural.com.br
Venda de ingresso pelo Ingresso Rápido e na bilheteria do teatro