Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (aplauso@gmail.com)

Ocorreu em São Paulo o mesmo fenômeno que enervou a classe artística carioca – CLIQUE AQUI para conferir matéria a respeito -: em poucas horas de venda dos ingressos do espetáculo Uma Flauta Mágica, direção cênica de Peter Brook, esgotaram e, hoje começam as apresentações, no Teatro Paulo Autran (SESC Pinheiros), para os felizardos que conseguiram comprar seus bilhetes. Aos que não conseguiram resta dirigir-se ao SESC Pinheiros e tentar vagas dos desistentes.
O ponto de partida da peça é a ópera A Flauta Mágica, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), adaptada, como um musical cênico, por Brook, dividindo a adaptação com Marie-Hélène Estienne e o músico Franck Krawczyk.
Segundo o material de divulgação, “os efeitos cênicos e o simbolismo foram suprimidos para dar lugar a um Mozart eternamente jovem, cercado por talentosos jovens cantores, prontos para improvisar, transpor, explorar novas cores e novas formas. E é principalmente sob o ângulo da lembrança poética e da releitura que Peter Brook encara essa “ópera”, cuja aparente economia de meios não tem outro propósito senão o de permitir aos cantores-atores expressar, nas mais ínfimas nuances, todas as vibrações da linguagem mozartiana”.
Brook afirma que “nos últimos trinta anos, vi muitas encenações de A Flauta Mágica. E pude constatar que a primeira dificuldade para o encenador e o cenógrafo é o conjunto de imagens que considero demasiado imponente: no caso de Carmen, é um pouco como se a imagem que se projeta e que se espera tivesse um peso excessivo em relação ao restante. A ideia é chegar a que os cantores – jovens cantores – avancem de modo natural, vivo, amável, no desenrolar da intriga sem se impor projeções, construções, vídeos ou cenários giratórios…”.
Como em A Tragédia de Hamlet, montagem apresentada no SESC Vila Mariana a partir de Hamlet (de William Shakespeare), a mudança do título original reforça a versão intimista da obra. Em cena estão apenas sete cantores, dois atores e Franck Krawczyk, ao piano, que exploram a obra de Mozart.

“Com Franck Krawczyk tentamos fazer algo ‘mozartiano’, conforme o entendimento do próprio Mozart.”, analisa Peter Brook. “Mozart sempre dizia que onde há profundidade há também leveza e improvisação, ele não hesitava em reescrever, mudar, transpor suas partituras, em dá-las a qualquer um, em retomá-las”, completa o encenador inglês, radicado em Paris, em plena atividade aos 86 anos.
Entre outras alterações, a montagem não traz as três damas da Rainha da Noite e os três rapazes que as damas convocam para indicar ao príncipe Tamino o caminho para salvar a fada Pamina. Já o cenário é composto apenas de varas de bambu agrupadas para sugerirem árvores, uma jaula e as paredes do templo de Sarastro. A música é executada no original em alemão, com diálogos em francês. Vale lembrar que o espetáculo será legendado em português.
Peter Brook
Peter Brook nasceu em Londres em 1925. Ao longo de sua carreira, distinguiu-se em diversos gêneros: teatro, ópera, cinema e autoria de textos. Encenou diversos textos de Shakespeare para a Royal Shakespeare Company, tais como Love’s Labour’s Lost (1946), Measure for Measure(1950), Titus Andronicus (1955), King Lear (1962),Marat/Sade (1964), A Midsummer Night’s Dream (1970) eAntony and Cleopatra (1978). Em Paris, em 1971, Peter Brook fundou o Centre International de Recherche Théâtrale (CIRT), que se tornou, quando da abertura de Bouffes du Nord, o Centre International de Créations Théâtrales (CICT).
Suas produções se destacam pelo aspecto iconoclasta e pela envergadura internacional: Timon d’Athènes (1974),Les Iks (1975), Ubu aux Bouffes (1977), La Conférence des oiseaux (1979), L’Os (1979), La Cerisaie (1989), Le Mahabharata (1985), Woza Albert ! (1989), La Tempête(1990), L’Homme qui (1993), Qui est là (1995), Oh ! Les Beaux Jours (1995), Je suis un Phénomène (1998), Le Costume (1999), La Tragédie d’Hamlet (2000), Far Away(2002), La Mort de Krishna (2002), Ta main dans la mienne(2003), Tierno Bokar (2004), Le Grand Inquisiteur (2005),Sizwe Banzi est mort (2006) et Fragments de Samuel Beckett (2007).
Dirigiu diversas óperas: La Bohème (1948), Boris Godounov(1948), Les Olympes (1949), Salomé (1949) e Les Noces de Figaro (1949), no Covent Garden de Londres, Faust (1953),Eugène Onéguine (1957) no Metropolitan de New York, La Tragédie de Carmen (1981) e Impressions de Pelléas(1992) no Théâtre des Bouffes du Nord e Don Giovani(1998) para o festival de Aix-en-Provence.
Seus principais livros são L’Espace vide (1968), Points de Suspension (1987), Le Diable c’est l’Ennui (1991), Avec Shakespeare (1998), Oublier le Temps (2003) e Avec Grotowski (2009). Peter Brook é também diretor dos filmesModerato Cantabile (1959), Sa Majesté des Mouches(1963), Marat/Sade (1967), Le Roi Lear (1969), Rencontres avec des hommes remarquables (1976) e Le Mahabharata(1989).
FICHA TÉCNICA
Uma Flauta Mágica
Espetáculo baseado em Wolfgang Amadeus Mozart
Livremente adaptado por: Peter Brook, Franck Krawczyk e Marie-Hélène Estienne
Direção: Peter Brook
Piano: Franck Krawczyk
Elenco
Cantores
Tamino Roger Padullés, Adrian Strooper
Pamina Julia Bullock, Aylin Sezer
Rainha da noite Leila Benhamza, Malia Bendi-Merad
Papagena Betsabée Haas, Dima Bawab
Papageno Virgile Frannais, Thomas Dolié
Sarastro Patrick Bolleire, Vincent Pavesi
Monostatos Jean-Christophe Born, RomainPascal
Atores
William Nadylam
Abdou Ouologuem
Direção de Produção: Marko Rankov
Iluminação: Philippe Vialatte
Trabalho corporal: Marcello Magni
Direção de canto: Véronique Dietschy
Mágica: Célio Amino
Realização dos figurinos: Hélène Patarot, com a colaboração de Oria Puppo
SERVIÇO
SESC PINHEIROS APRESENTA: UMA FLAUTA MÁGICA
Dias: de 14 a 17 de setembro, às 21h
Local: Teatro Paulo Autran – 1010 lugares
Duração: 95 minutos
Não recomendado para menores de 14 anos
Não é permitida a entrada após o início do espetáculo
Ingressos: R$ 32,00 (inteira); R$ 16,00 (usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) R$ 8,00 (comerciários e trabalhadores em empresas do comércio de bens, serviços e turismo)
Ingressos à venda na Rede SESC, limitados a duas unidades por pessoa
SESC Pinheiros
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Tel.: 11 3095.9400
ESTACIONAMENTO COM MANOBRISTA (VAGAS LIMITADAS): Veículos, motos e bicicletas.
Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo, feriado, das 10h às 19h
Para informações sobre outras programaçõeswww.sescsp.org.br