Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Há cerca de dez anos, o ator Marcelo Drummond se lançava, como diretor, à obra dramática de José Vicente. O Assalto e, depois, Santidade, além de reacender o interesse pelo autor de Hoje é Dia de Rock, colocou o foco sobre um Marcelo diretor de assertiva qualidade. Agora é à dramaturgia de Plínio Marcos, que completaria 80 anos em 2015, sua atenção. E, apartir amanhã, o público cativo do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona poderá conferir a montagem de Navalha na Carne.
Quem está habituado com a longa duração dos espetáculos da trupe, o grande coro de atuadores circulando no amplo e mágico espaço cênico desenhado por Lina Bo Bardi, se surpreenderá: são apenas três atuadores em cena (o próprio Drummond, Sylvia Prado e Tony Reis) num pequeno e sufocante espaço (o pequeno quarto de Neusa Sueli, personagem de Sylvia, onde cabem apenas 70 espectadores) em um violento embate ( entre Vado, o gigolô interpretado por Drummond; Neusa, a prostituta, e Veludo, o homossexual faxineiro vivido por Reis) que dura apenas 60 minutos.
Navalha na carne é uma das peças mais conhecidas de Plínio Marcos e é considerada por muitos sua obra-prima. Nessa desmontagem de Marcelo Drummond, o jogo cênico entre os três atores revela almas sangradas pela solidão e pelas dores de cada personagem; mas revela também o silêncio e a precisão dramatúrgica da poesia de Plínio, para muito além do estigma de autor de textos desbocados e cheios de fúria. Drummond deseja incluir humor e contenção num jogo mutante, onde o vídeo, a luz, o cenário e o som estão tão presentes quanto a violência cotidiana das relações humanas vivida em cena.

NAVALHA NA CARNE – crédito JENNIFER GLASS
Navalha na Carne tem direção de cena de Otto Barros, iluminação de Luana Della Crist, arquitetura cênica de Marília Gallmeister e Carila Marzenbacher, figurino de Vera Valdez, maquiagem de Diogo Souza e vídeos de Igor Marotti Dumont e Pedro Salin.
NAVALHA NA CARNE
Direção: Marcelo Drummond.
Elenco: Marcelo Drummond, Sylvia Prado e Tony Reis.
Data: De 17 de outubro a 08 de novembro.
Local: Teat(r)o Oficina (Rua Jaceguai, 520. Tel: 11. 3106-2818).
Ingressos: R$40,00 (inteira), R$20,00 (meia) e R$5,00 (moradores do Bixiga). Compras na bilheteria do teatro (uma hora antes de cada sessão), ou online, através do site da Compre Ingressos.
Horários: Sábados, às 21 e 23h, e domingos, às 20h.
Indicação etária: 16 anos.
Duração: 60 minutos.
Mais informações: www.teatroficina.com.br