Nanda Rovere, do Aplauso Brasil (nanda@aplausobrasil.com.br)

BRASIL – Prazer, da Cia Luna Lunera, de BH, finalizou a temporada paulistana no CCBB. Agora a peça segue para o Rio de Janeiro, Festival de Teatro de Curitiba (6 e 7 de abril, no Teatro Bom Jesus) e Brasília.

A montagem apresenta a história de quatro amigos que se encontram depois de muito tempo longe um do outro e expõem seus problemas, alegrias e desejos. Estão fora do Brasil e a solidão e falta da terra natal muitas vezes os incomodam.
As cenas acontecem em ambientes variados e em diversos momentos entramos em contato, simultaneamente e individualmente, com o cotidiano dos personagens.
O texto é inspirado em fragmento do livro Uma aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, mas a peça retrata a vida de pessoas comuns que podem ser a vida de qualquer pessoa, que reside em qualquer lugar do mundo.

A montagem nos faz pensar sobre como é bom viver, apesar das dificuldades, e a importância de sentir prazer nas pequenas coisas cotidianas.
O cenário, com escritos na parede, chama a atenção, além de pequenas projeções que contribuem para concretizar ações, como a interação de um dos personagens com o seu cachorro.
Os atores têm a tarefa de dar vida a personagens complexos, com momentos de grande euforia, para logo em seguida a depressão avassaladora colocar em risco o amore o respeito pela vida. Além disso, a linguagem é moderna e os diálogos não são construídos numa estrutura tradicional. O elenco tem um bom desempenho.
A força da interpretação está nos ágeis diálogos, mas principalmente nos movimentos coreografados. A coreografia desses movimentos pode nos dizer mais do que as palavras.
Há momentos em que não é fácil compreender quais as intenções dos gestos e movimentos, mas li em algum lugar ( ou ouvi em alguma peça de teatro), que a coreografia não é para ser entendida, mas sentida; Prazer é isso: um espetáculo que fala de quatro jovens que têm as angústias e alegrias comuns a todos nós e transmite emoções e sensações que nos fazem refletir sobre o valor de nossa existência.

A luz e a trilha participam do espetáculo, intensificando a emoção dos personagens. A luz causa impacto no espectador pela beleza visual que proporciona.
Um dos méritos da Luna Lunera é abrir o seu processo de trabalho para a comunidade, fazendo com que o espectador se sinta parte do processo de criação. Além disso, os criadores têm a oportunidade de aprimorar o trabalho com esse contato e com a troca de informações.
Outra característica do grupo, que merece atenção, é o trabalho compartilhado de direção e dramaturgia (entre os integrantes do grupo e com a presença de profissionais convidados).
A Cia mostra que está aberta a opiniões. Num mundo cada vez individualizado, investe num processo de criação onde a interação contribui para a qualidade dos espetáculos.
Com muitas pessoas opinando, participandoas e a dramaturgia é instigante e contemporânea.
Ficha Técnica:
Realização, Concepção e Dramaturgia Cia. Luna Lunera
Elenco e Codireção Cláudio Dias, Isabela Paes, Marcelo Souza e Silva, Odilon Esteves
Codireção Zé Walter Albinati
Orientação Dramatúrgica Jô Bilac
Preparação Corporal Mário Nascimento
Residência Artística Roberta Carreri – Odin Teatret
Pesquisa em Artes Digitais Trem Chic – Éder Santos (direção), André Hallak , Leandro Aragão, Barão Fonseca
Concepção Cenográfica Ed Andrade
Figurino Marney Heitmann
Iluminação Felipe Cosse e Juliano Coelho
Participação Afetiva Cláudia Corrêa
Coordenação de Produção Cris Moreira
Serviço:
Prazer
Festival de Teatro de Curitiba
6 e 7 de abril,
Teatro Bom Jesus
Rua 24 de Maio, 135 – Curitiba/PR
festivaldecuritiba.com.br/
Para saber mais detalhes do espetáculo, o histórico da Cia e verificar a agenda de apresentações: http://cialunalunera.com.br