Michel Fernandes, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)

(RJ) Mesmo com todas as controvérsias que o título besteirol ocasiona aos artistas criadores do gênero, uma crítica da década de 1980 substantivou esse estilo teatral e o nome continua até hoje. Para homenagear o estilo e um de seus principais representantes, o autor Vicente Pereira, o Teatro Cândido Mendes recebe até abril o monólogo Solidão – A Comédia, sob direção de Cláudio Tovar, além da exposição Assim Era o Besteirol.
O ator Maurício Machado dá vida aos inúmeros tipos que povoam os esquetes que compõem Solidão – A Comédia, todos solitários, como uma prostituta que decide telefonar para seus ex-clientes procurando companhia e uma jovem à espera numa mesa de bar.
Em entrevista a Michel Fernandes, o ator Maurício Machado fala sobre a homenagem ao Besteirol, a montagem de Solidão – A Comédia e outros projetos.
Michel Fernandes – Por que a decisão de resgatar e homenagear o Besteirol? O que mais o toca nesse gênero teatral?
Maurício Machado – Acho que é a minha porção carioca mais forte que há dentro de mim (risos). Na efervescência desse movimento eu ainda era uma criancinha, Cheguei ainda a pegar o final disso tudo no teatro, ainda um pré-adolescente, e depois já mais crescido na TV. com o antológico TV Pirata. Me identifico com esse humor cheio de referências, inteligente, debochado, e por vezes cínico e negro. O humor de uma maneira mais ampla que é feito hoje, com algumas exceções é claro, não me inspiram e nem estimulam. Gosto bastante de trafegar por diversas regiões e registros como ator, pelos clássicos, épicos, dramas, comédias e faltava o Besteirol na minha lista ainda, O Besteirol tem dramaturgia cheia de críticas e reflexões, o que me agrada.
Michel Fernandes – E por que o texto e o autor escolhidos são Solidão – a Comédia e Vicente Pereira?
Maurício Machado – Vi a peça encenada em 1990, no pequeno e extinto Teatro Posto 6, em Copacabana, encenada pelo próprio autor, brilhantemente dirigido pelo Jorge Fernando, num trabalho delicado, sensível e de grande humor inteligente, fino e ao mesmo tempo debochado e sarcástico e que tinha também o mérito de ser uma montagem intimista. Fiquei impressionado com a riqueza daqueles seres que brotavam em cada um dos esquetes diante de mim. Passados 20 anos, mesmo sem qualquer incentivo ou patrocínio, resolvi encarar o desafio artístico e a empreitada de produzi-lo.
Michel Fernandes – O que mais o cativou em Solidão – A Comédia?
Maurício Machado – A possibilidade de falar sobre algo sério como a solidão com leveza, muito humor e emoção.
Michel Fernandes – Cláudio Tovar foi do Dzi Croquettes, grupo considerado um dos precursores do Besteirol. Como foi a direção dele?

Maurício Machado – Por isso escolhi o Claudio Tovar para dirigir, o Dzi Croquettes foi o ‘start’ do movimento Besteirol. E descrever o Tovar seria insuficiente para relatar o prazer que foi andar de mãos dadas com ele nessa empreitada. Queria muito que ele dirigisse. E agora posso dizer que foi a escolha para lá de acertada. Tovar teve um cuidado, carinho, respeito e atenção comigo emocionantes. Diretor democrático, gentil, inspirador, passou toda a segurança que eu precisava. Ele é um artista completo. Não é burocrático, tem o olhar cuidadoso, criterioso. E o que me instiga no teatro é estar ao lado de gente como ele, que sabe o que tem para dizer e como dizer; que ama o teatro, sem cerimônias, apenas com respeito.
Michel Fernandes – Quais os projetos da peça e os seus?
Maurício Machado – Muito trabalho! E muito teatro. Pretendo estrear Solidão… no mês de abril em São Paulo. Gostaria muito que como no Rio, fosse um espaço que pudesse também abrigar a exposição, e pretendo continuar com a peça como meu repertório. Quero excursionar o Brasil inteiro, então tem muito chão pela frente. Tá só começando. Paralelamente, continuo produzindo Mulheres Alteradas, que é um sucesso. E se despede de São Paulo dia 27 de Fevereiro. Daí segue em temporada no Rio. Começo agora a ensaiar um novo espetáculo, Avalon, um infanto-juvenil, que estreia em abril no SESI. Vou produzir, também, As Superadas, que é da mesma autora de Mulheres Alteradas, E, provavelmente vou fazer algum trabalho na TV este ano ainda.
Ficha Técnica
Autor: Vicente Pereira
Direção: Claudio Tovar
Elenco: Maurício Machado
Direção Musical: Alexandre Elias
Criação de Luz: Aurélio de Simoni
Cenário e Figurinos: Claudio Tovar
Direção de movimento: Kika Freire
Programação Visual: Mariana Resnik
Fotografias: Guga Melgar
Assistência de Direção: Diogo Villa Maior
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Assistente de Assessoria de Imprensa: Bruna Amorim
Assistente de cenografia: Natália Lana
Assistente de figurino: Regina Carvalho
Costureira: Schirley Nascimento
Alfaiate: Macedo Leal
Visagismo: Beto Carramanhos
Produção Executiva/Rio: Gregório Tavares
Produção Executiva/SP: Francine Storino e Antonio Ranieri
Assistente de Produção/SP: Fernanda Corrêa Gurtler
Administração: Gregório Tavares
Direção de Produção: Eduardo Figueiredo
Realização e Produção: manhas & manias de eventos
Serviço
Solidão a Comédia
Local: Teatro Cândido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema. Tel.: 2267-7295)
Bilheteria: de segunda a segunda, a partir das 14h
Horários: Quinta a Sábado – 21h30/ Domingo – 20h30
Ingresso: Quinta – R$30,00 / Sexta a domingo R$40,00
Capacidade: 133 lugares
Duração: 75 minutos
Censura: 12 anos
Temporada: 13 de janeiro a 17 de abril
Não será permitida a entrada após o início do espetáculo
Exposição – Assim era o Besteirol
Local: Galeria de Arte – Centro Cultural Cândido Mendes (Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema. Tel.: 2267-7295)
Horários: segunda a quarta das 16h às 21h/ quinta a sábado das 16h30 às 21h30
Entrada franca
Até 18 de fevereiro