Theo Alves*, especial para o Aplauso Brasil

Em Sonhos para Vestir, a beleza delicada de Sara Antunes se assemelha a de uma sílfide. Com a música de Daniel Valentini ao fundo, a atriz dança entre tecidos fluidos do seu universo imaginário. A sensação que dá é a de que o espectador compartilha dos devaneios da sua personagem, mesmo que em alguns momentos ela esteja extremamente lúcida.
No palco, a plateia vê o seu subconsciente tomar forma através da belíssima atuação da atriz. Logo no primeiro contato, sua figura etérea pode assustar, mas não dura muito até que todos estejam confortáveis com a sua presença.
Aos poucos, as pessoas transformam-se em co-autoras da peça, dividindo com a própria Sara a assinatura de Sonhos para Vestir. Apesar de toda a interação da plateia, é notório que a atriz mantêm-se leal ao seu texto.
Percebe-se, também, que a direção de Vera Holtz trouxe ao espetáculo uma atmosfera lúdica, onde a fantasia da personagem se confunde com a sua realidade. Além disso, o cenário-instalação da artista plástica Analu Prestes, parceira de Sara Antunes no projeto de Sonhos para Vestir, auxilia a atriz a viver o que propõe o texto.
Como a iluminação da peça também abrange o público, é possível enxergar a satisfação estampada nos rostos das pessoas. Já nos aplausos finais, olhares mareados se despedem de Sara Antunes, que durante 60 minutos foi mais do que uma atriz interpretando um monólogo, foi uma companhia agradável.
*Theo Alves viajou a convite do Festival de Curitiba