Redação do Aplauso Brasil (redacao@aplausobrasil.com)

Segunda edição do evento traz a São Paulo um total de 23 espetáculos com 8 companhias internacionais reconhecidas pela inovação da linguagem circense e 15 companhias nacionais. A programação oferece espetáculos, intervenções, encontros entre profissionais, exibição de vídeo e a exposição Circo da Gente com ingressos a preços populares e entrada gratuita. São mais de 160 artistas de companhias da Austrália, Brasil, Bélgica, Espanha, França, Inglaterra e Peru.

SÃO PAULO – Criado em 2013 para difundir a produção nacional e internacional e contribuir para a reflexão e construção do pensamento sobre circo no país, o Circos – Festival Internacional SESC de Circo realiza nova edição de hoje – com a estreia nacional de Belonging, coprodução do SESC-SP e Inglaterra – a 1º de junho, em espaços públicos da cidade e nas unidades Belenzinho, Bom Retiro, Campo Limpo, Carmo, Consolação, Ipiranga, Interlagos, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana, Vila Mariana e Santo André.
A programação do evento foi concebida em torno do conceito curatorial de [des]virtuose, que propõe diferentes olhares para a ideia de perfeição que há no imaginário sobre o circo e seus artistas.

Sem querer tirar seu brilho e sua magia, mas valorizando a arte circense por uma das coisas mais espetaculares das artes como um todo – o que lhe é intrinsecamente humano.
O festival revela os bastidores do circo, o dia a dia dos treinos e ensaios, desvenda o que há por trás da lona e o cotidiano fora do picadeiro. O objetivo é humanizar a imagem dos circenses tradicionalmente vistos como portadores de habilidades “sobre-humanas” e ainda enfocar o uso do risco e do erro como linha estética muito presente nos trabalhos contemporâneos.

Para o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, o circo transpõe fronteiras e percorre lugares do imaginário.
“Trata-se daquele território permeável às relações entre erros e acertos, entre o circo imaginado pelas pessoas e o circo real feito por pessoas, e construído pela via do constante aprendizado com base em esforços contínuos. O circo, assim, se revela portador de possibilidades humanas”, destaca.

Ótimo exemplo do objetivo do festival – tratar o movimento circense além do habitual virtuosismo que habita nosso imaginário – é o espetáculo O espetáculo Belonging, uma coprodução do Sesc SP, British Council, People’s Palace Project, 2° Festival Internacional de Circo do Rio de Janeiro, Estúdio M’Baraká, Circo Crescer & Viver e Graeae Theatre Company, que reúne artistas acrobatas brasileiros e britânicos com deficiência física.
A montagem, que teve estreia mundial em Londres, em abril, traz ao Sesc Pinheiros números de tecido, lira, corda e dança, entre outras habilidades circenses. Sob codireção de Jenny Sealey, da Graeae Theatre Company, que foi uma das diretoras da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de 2012, e Vinícius Daumas, do Circo Crescer e Viver, do Rio de Janeiro.

A programação oferece 23 espetáculos: 8 de companhias internacionais, inéditos em São Paulo, e 15 de companhias nacionais, incluindo 3 estreias e 5 inéditos na cidade. Durante10 dias, serão mais de 130 horas de atrações circenses, espalhadas por 13 unidades do Sesc na Grande São Paulo. Os destaques entre as atrações que o Circos – Festival Internacional Sesc de Circo traz a São Paulo pela primeira vez são:
Da Europa vem também a Cia Família Bolondo / Ateneu Popular 9 Barris, que traz à unidade Pinheiros o espetáculo Maravillas, 16è Circ d’Hivern – uma paródia de um clássico do circo, que brinca com clichês tradicionais como a presença de animais amestrados e do engolidor de fogo. O grupo é formado por uma inusitada família circense, cuja terceira geração busca se adaptar a um formato mais atual e moderno de apresentação. Mas, ao contrário de uma virtuosa performance, o resultado é uma obra tragicômica dessa atrapalhada trupe. A Família Bolondo é um coletivo de artistas provenientes de diferentes companhias, reunidos pelo Ateneu Popular 9 Barris, instituição que realiza anualmente shows sem fins lucrativos. Entre seus integrantes está o brasileiro Gustavo Arruda.
O grupo belga Cie Ea Eo, formado por quatro jovens malabaristas que tentam mostrar de forma ágil e divertida como o espaço interfere no relacionamento das pessoas, leva para o Sesc Santana o espetáculo m2.

Seguindo a tendência das grandes cidades, que oferecem moradias cada vez menores, os artistas começam a apresentação numa área limitada de 8 m2. À medida que o espetáculo vai acontecendo, a área de atuação no palco também vai encolhendo, até que os quatro ficam espremidos em 1m2 e o relacionamento entre o grupo vai ficando mais tenso e arisco.

Da Austrália vem a companhia Circa, que apresenta no Teatro do Sesc Vila Mariana um espetáculo inspirado nas curvas e no movimento natural da 19ª letra do alfabeto. Intitulado S, o espetáculo traz para o palco artistas que se curvam, voam, contorcem-se e se penduram, às vezes sozinhos, e em outras, em um emaranhado de corpos. Os artistas atingem seus limites físicos e emocionais, com um figurino que valoriza e destaca os movimentos harmoniosos e rápidos em meio a um cenário minimalista. O objetivo é propor uma nova visão para o circo contemporâneo, misturando corpos, luz, som e habilidades. Desde sua criação, em 2006, a companhia C!RCA já se apresentou em 27 países e conquistou a crítica internacional com performances de extrema “ressonância poética”, segundo resenha do The New York Times.
Entre as atrações internacionais também se destaca a Organización Efímera, grupo fundado em 2009, com sede em Barcelona, que reúne artistas do México, Argentina, Irlanda e Espanha. Sob a direção de Rob Tannion, ex-membro da companhia inglesa DV8 Physical Theatre, apresenta no Teatro do Sesc Belenzinho o espetáculo Fecha de Caducidad, uma trama que expõe o absurdo da natureza humana. Também vem da Espanha o primeiro espetáculo criado pela companhiaPSiRC, Acrometria, que explora movimentações nas técnicas circenses de solo e mastro chinês. Da França vem a dupla formada pelo circense Fragan Gehlker e o violinista Alexis Auffray, que apresentam no Sesc Bom Retiro Le Vide, um espetáculo que reflete sobre o próprio ofício de fazer circo, como o cotidiano árduo de treinamentos, mesclando movimentações de subida e queda na corda indiana com ambientação sonora feita ao vivo.

O destaque internacional da produção sul-americana é o La Tarumba, uma escola e companhia de circo muito reconhecida no Peru que há mais de trinta anos mantém um trabalho social para a formação de crianças e adolescentes, por meio das técnicas do teatro, do circo e da música. Por aqui apresentam o espetáculo Impulso, seu mais recente trabalho com jovens artistas formados profissionalmente pelo projeto. Em cena são 14 acrobatas em uma enérgica performance com técnicas aéreas, roda alemã e báscula.
A segunda edição do festival Circos valoriza a produção nacional exibindo algumas das principais companhias do país, como o grupo paulista Circo Zanni que está completando em 2014 a primeira década de vida. Para comemorar, a companhia estreia no festival um espetáculo pautado por uma boa dose de humor e muita música, marcas características do grupo.

No Circo Zanni 10 Anos, que será realizado na nova unidade Sesc Campo Limpo, a plateia vai conferir números consagrados, que se tornaram marcas registradas da trupe, como Monga – A Mulher Gorila, interpretada por Fernando Sampaio, com apresentação de Domingos Montagner – diretor artístico do Zanni.

Completam o show atrações inéditas e artistas convidados que já fizeram parte da trupe, além da tradicional banda com a trilha sonora ao vivo. Para apresentar um pouco desta trajetória, o foyer do circo estará ambientado com muitas fotos que registram os equipamentos, os cenários e figurinos que fizeram parte dessa história. O público também vai poder espiar pelas janelas de um trailer cenográfico para ver como é a montagem da lona, interagir com grandes painéis que representam os artistas do circo e se sentir parte da trupe.

Outra estreia do Circos – Festival Internacional Sesc de Circo é o espetáculo Em Busca da Triple Volta, dos Irmãos Sabatino, também de São Paulo. A apresentação ocorre em um balão a 50 metros do chão e numa estrutura Petit Volant (trapézio de voos), e traz a história de um trapezista em busca de mestres que o auxiliem no aprendizado da grandiosa manobra da triple volta. Tudo permeado por cenas de humor, protagonizadas pelos irmãos ginastas Martin e André Sabatino. A encenação está programada para dois finais de semana, no Parque do Carmo e Sesc Interlagos.
Na esfera do intercâmbio entre países: o coletivo Na Esquina reúne artistas brasileiros e franceses com a proposta de mostrar no palco como é o ensaio de uma escola-circo no espetáculo Na Esquina, que estará em cartaz no Parque da Independência.

Em 2014, o Circos traz ainda a Cia. Nós No Bambu, do Distrito Federal, que apresenta o espetáculo TEIA (paralaxes do imaginário), o grupo Fuzuê, do Ceará, com o espetáculoPalafita, a Cia. do Relativo, com o espetáculo de malabares O Descotidiano, e o grupo Picadeiro Aéreo, com o inusitadoCaminhão Trapézio – Brasil Lux, ambos de São Paulo, entre tantas outras trupes, como o reconhecido grupo Parlapatões, que reuniu em um espetáculo números emblemáticos de sua trajetória de mais de 20 anos de história, apresentada emParlapatões Clássicos do Circo. O jovem Gutto Thomaz, de apenas 20 anos e mestre na técnica milenar conhecida como picaretagem, também está na programação: em El Gran Gustavo Augusto, o artista apresenta números mágicos, clownescos e teatrais.
Além dos espetáculos, a exposição Circo da Gente será aberta ao público durante o festival e permanecerá em cartaz até novembro de 2014, no Sesc Santo André. A proposta da mostra é explorar a atmosfera de um circo itinerante que acabou de chegar à cidade, com trailers estacionados, a tenda desgastada pelo tempo e instalada sob um chão de terra batida, com lâmpadas amarelas acesas e cartazes lambe-lambe anunciando as principais atrações do dia. A exposição enfoca o modo de vida das famílias de multiartistas que, de geração em geração, circularam de norte a sul do país, e também todo o imaginário em torno delas. Será uma oportunidade para conhecer os bastidores do circo, visitar as caravanas também utilizadas como moradias e o quintal atrás do picadeiro, recriando de forma poética a visão e a intimidade dos artistas fora do espetáculo. A segunda edição do Circos – Festival Internacional Sesc de Circo oferece ainda workshops, mesas de discussão, intervenções e encontros entre profissionais. A programação completa com os detalhes de cada atração está no site www.sescsp.org.br/circos
Serviço:
CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo
De 23 de maio a 1 de junho de 2014
Unidades Sesc: Belenzinho, Bom Retiro, Campo Limpo, Carmo, Consolação, Ipiranga, Interlagos, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana, Vila Mariana e Santo André
Ingressos: o festival oferece atrações gratuitas (necessário a retirada de ingressos na bilheteria, 1 hora antes do espetáculo), ao ar livre (não requer retirada de ingressos) e espetáculos com ingressos a R$ 25 (inteira), R$ 12,50 (usuário), R$ 5 (comerciário) e grátis (para crianças de até 12 anos dependentes de comerciários)
Mais informações: www.sescsp.org.br/circos
Atividades programadas:
23 espetáculos com companhias nacionais e internacionais
12 intervenções artísticas
3 mesas de discussão
1 workshop
1 encontro entre profissionais