
SÃO PAULO – No segundo ano de um governo que vira as costas para a cultura, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp) é símbolo de resistência com sua grade de espetáculos de países como Chile, França, Portugal, Reino Unido, Suíça, entre outros, 12 espetáculos nacionais (da MITbr), uma vídeo-instalação-musical, uma série de oficinas, debates, conversas e lançamento de livros ao longo de 10 dias de duração da Mostra. A abertura será no dia 05 de março, no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, com a apresentação do espetáculo Multidão, dirigido pela coreografa franco-austríaca Gisèle Vienne.
“A MITsp é importante, corajosa e traz propostas que desejam aprofundar nosso saber relativo às artes cênicas. Num momento em que a desvalorização do pensamento afeta a todos, as escolas, as cidades, é importante e necessário a nossa resistência diante das práticas culturais. A cultura é permanente e a junção de tanta gente interessada por sua valorização demonstra que estamos no caminho certo”, salienta Danilo Santos de Miranda, Diretor Regional do SESC SP, apoiador da MITsp desde sua primeira edição.
A sétima edição da MITsp tem apresentação do Ministério da Cidadania, Itaú, Secretaria Municipal de Cultura e Sesc São Paulo, realização da Olhares Instituto Cultural, ECUM Central de Produção, Itaú Cultural e correalização Sesi-SP, British Council, Consulado Geral da França de São Paulo, Institut Français Paris, Pro Helvetia, Consulado Geral da República Federal da Alemanha em São Paulo, Goethe-Institut São Paulo, Cultura Inglesa, Instituto Cultural Italiano; copatrocínio Porto Seguro e Veolia.
Dividida em quatro eixos principais – Mostra de Espetáculos, Ações Pedagógicas, Olhares Críticos e MITbr – Plataforma Brasil – , a MITsp, com direção artística de Antonio Araújo e direção geral de produção de Guilherme Marques, além de promover o intercâmbio entre a arte praticada em diferentes continentes em diálogo com a arte praticada no Brasil, tem promovido o encontro entre diversos curadores de festivais internacionais e o teatro produzido por aqui, por meio da MITbr – Plataforma Brasil.

Um dos grandes motivos de orgulho da produção da MITsp tem estreita relação com o resultado das convocatórias, lançadas em agosto de 2019, para a participação da Plataforma Brasil deste ano: em seu terceiro ano de vida foram inscritos 791 projetos de 20 estados brasileiros (AL, AM, BA, CE, GO, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PB, PI, PR, RJ, RN, RS, SC e SP), Distrito Federal, além de oito inscrições internacionais vindas da Argentina, Portugal, Espanha, Uruguai, EUA e Suécia, analisados pelos curadores de Alejandro Ahmed, Francis Wilker e Grace Passô que selecionaram 12 espetáculos – um passo importante para a expansão do reconhecimento das artes cênicas brasileira no cenário internacional, fomentando sua circulação e visibilidade – que se apresentarão durante os 10 dias de MITsp.
“Desde a primeira edição tivemos uma resposta concreta de espetáculos que viajaram o mundo e o país. Vamos tabalhar o diálogo para construir uma grade com programadores para circular e ver o maior número de espetáculos brasileiros. Fazemos as sessões com legenda para facilitar o entendimento e o alcance, inclusive”, explica Rafael Steinhauser, diretor institucional da MITsp.
Há duas edições da MITbr o Governo Federal deixa uma lacuna importante na MITsp. Além do apoio da Lei de Incentivo, do Ministério da Cidadania, que, de fato, é uma concessão para que os produtores de projetos façam captação de recursos em empresas que, ao investir em cultura podem deduzir de seus impostos parte do incentivo, o que é bastante importante, mas não o suficiente.
“Tivemos mudanças em Brasília, a cultura está afetada e seria importante o Governo Federal reconhecer a importância da MITsp para chegarmos a todo o Brasil”, completa Antonio Araújo, diretor artístico da MITsp.
A MITbr – Plataforma Brasil traz a artista da dança e do teatro Andreia Pires, da Inquieta Cia, de Fortaleza, é a Artista em Foco da MITbr e apresenta Pra Frente o Pior e Fortaleza 2040. Ela ainda participa de atividades nas Ações Pedagógicas e Olhares Críticos. A artista e pesquisadora Janaina Leite é a Pesquisadora em Foco e mostra seu recente trabalho Stabat Mater, cuja abertura de processo foi apresentada na edição da MITsp 2019. Seu trabalho será parte de debate e conversa na programação do eixo Olhares Críticos.
Ainda compõem a programação os espetáculos Cancioneiro Terminal, do grupo MEXA, Entrelinhas, do Coletivo Ponto Art; violento., de Alexandre de Sé; Gota D’Água {PRETA}, do grupo Gira pro Sol, O Ânus Solar, de Maikon K; Meia Noite, de Orun Santana; Recolon, do Coletivo Mona; tReta, da Original Bomber Crew e ZOO, do grupo Macaquinhos.

Esta edição, entre os artistas internacionais, o diretor e dramaturgo português Tiago Rodrigues é o Artista em Foco. Um dos nomes em crescente ascensão da cena cultural europeia e vencedor do XV Prêmio Europa Realidades Teatrais em 2018, Rodrigues apresenta dentro da programação da Mostra Sopro e By Heart. O performer, coreógrafo e pesquisador João Fiadeiro é o Pedagogo em Foco, além de trazer o espetáculo O que Fazer Daqui para Trás, fará um Intercâmbio Artístico, atividade dentro do eixo de Ações Pedagógicas.
Outros destaques da Mostra, Contos Imorais – Parte 1: Casa Mãe é uma performance criada e interpretada por Phia Ménard, apresentada inicialmente na Documenta de Kassel. Outro solo, Tenha Cuidado, da indiana Mallika Taneja, trata de um assunto caro ao país da intérprete, a condição das mulheres. Sábado Descontraído, da artista de Ruanda radicada na França Dorothée Munyaneza, reconta a guerra civil que assolou seu país em 1994.
O Pedido, produção do Reino Unido, parceria do diretor Mark Maughan e do dramaturgo Tim Cowbury, com um texto afiado, fala do abismo da comunicação, da burocracia e da injustiça com o processo de imigração. Burgerz, produção inglesa de Travis Alabanza, a partir de um episódio pessoal, coloca em cena a violência contra a população trans. Ainda compõem a programação a produção alemã Farm Fatale, dirigida pelo francês Philippe Quesne; Tu Amarás, da chilena Compañía Bonobo. Gisèle Vienne, além de Multidão, apresenta o solo Babaca, fruto de sua parceria com o escritor americano Dennis Cooper, e interpretado pelo francês Jonathan Capdevielle. ORLANDO é Instalação vídeo-musical dirigido pela suíça Julie Beauvais, que combina imagens projetadas e música ao vivo dentro de um cenário imersivo, pelo qual o público pode circular.
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