Michel Fernandes*, do Aplauso Brasil (michel@aplausobrasil.com)
Com discurso maniqueísta e de militância agressiva, que parece ultrapassada para uma sociedade com liberdade de expressão, o primeiro debate das mesas formativas do II Encontro de Teatro de Mauá acabou por desviar-se da estrada temática expressa, o Teatro de Rua, e pegar a viela do sinuoso discurso da luta de classes.
Fábio Resende e Ademir de Almeida, representantes d’A Brava Cia. de Teatro, convidados para a mesa, com a simples sentença: “somos da classe de trabalhadores, não nos consideramos da classe artística” propiciou uma rica discussão sobre o que representa a “luta de classes” nessa primeira década do século 21. Quem são os “opressores” e os “oprimidos”? Por quê?
Um discurso radical e agressivo,”polarizado”, como acentuou Caio Evangelista, Coordenador de Cultura de Mauá, reflete um descontentamento com os rumos da política cultural atual – a qual, sabiamente o dramaturgo Luís Alberto de Abreu na segunda deste Encontro de Teatro de Mauá abriu os olhos de nós, artistas, como detentores da responsabilidade pela discussão dos modos de produção, do fazer artístico, ao invés de delegar as responsabilidades ao setor político – mas corre o risco de interpretações maniqueístas como a divisão de classes – trabalhadores X artistas – adotada pela A Brava, cujo repúdio ao comparar-se com a classe artística é mera questão de metonímia, ou seja, da parte (um tipo específico presente na classe artística) pelo todo (a classe artística de forma geral).
E você, o que acha? Participe da discussão!