
SÃO PAULO – O espetáculo dirigido pelo inglês Luke Dixon, que, a partir de hoje, ocupa o Teatro Novo, tem como força propulsora as pesquisas da atriz e bailarina Ana Guasque, que divide o elenco com a atriz Suzi Rêgo, sobre as personagens e o universo feminino dentro da obra do dramaturgo inglês William Shakespeare. Coube à dramaturga Thelma Guedes (popularmente conhecida por suas telenovelas como Joia Rara e Órfão da Terra, que estreou neste mês) transformar tal pesquisa em material dramatúrgico: nasceu, então, Mulheres de Shakespeare.
A peça coloca duas atrizes que estão à espera do restante de um elenco e seu diretor para uma reunião, no entanto, um inesperado temporal isola as duas atrizes no teatro. Sozinhas elas começam a se deparar com personagens femininas de Shakespeare, com toda suas multiplicidades de caracteres e, inevitavelmente, encontram reflexos de seus conflitos cotidianos.
Criador do método Play-Acting Shakespeare (o qual ensina em universidades de diferentes países, além de ter publicado diversos livros sobre o método) e diretor de companhias mundialmente consagradas como Berliner Ensemble, em Berlim, na Alemanha; e Theatre Brotoswska, em Praga, na República Tcheca, além de trabalhos como encenador na Eslováquia, Irlanda, Canadá, África do Sul, França, EUA, entre outros; Luke Dixon falou ao Aplauso Brasil sobre seu trabalho.
Aplauso Brasil – Como como você recebeu o convite para dirigir Mulheres de Shakespeare e qual a razão mais forte que o fez aceitar o convite?
Luke Dixon – A Ana Guasque, quem produziu a peça, quem me chamou. Eu a conheci há 10 anos no Festival Porto Alegre Em Cena e nós continuamos em contato por esse tempo até que há 3 anos falamos do Mulheres de Shakespeare e ela me chamou para o projeto. Foi assim que a história nasceu.
AB – Qual a metodologia de ensaios e o quê você busca atingir com a encenação?
Luke Dixon – A metodologia é de explorar o texto e as ações para achar palavras e chegar uma perfomance que faça a plateia não só se divertir como também entender o que é encenado ali.
AB – No seu trabalho com as atrizes quais os pontos mais interessantes que você destacaria?
Luke Dixon – É muito interessante como as duas atrizes são muito diferentes uma da outra. Elas têm histórias diferentes, elas Tem diferentes pontos de vista. A Suzy tem uma história com a TV e o teatro e a Ana além do teatro também é bailaria. Isso é muito interessante e cria uma dinâmica no palco que tem um resultado incrível para o teatro.
AB – Qual a importância de trabalhar com uma assistente de direção?
Luke Dixon – Eu tenho muita sorte e sou abençoada por ter três grandes assistentes que me ajudam com a questão da língua, do texto, na lida com os técnicos e com a equipe. Elas podem tem dado muita opinião, dado sugestões, é feito dos ensaios um lugar aberto para ideias e isso tem sido valioso.
AB – Quais os pontos fortes que você destacaria no trabalho as atrizes?
Luke Dixon – Temos duas ótimas performances de atrizes na peça. Temos diversas personagens de Shakespeare no palco e tem sido bonito ver esse jogo delas é a entrega em cena.
AB – O quê você diria aos espectadores sobre a necessidade de assistir mulheres de Shakespeare?
Luke Dixon –
Eu penso que nós precisamos assistir a peça no palco porque é incrível se deparar com tantas personagens femininas fortes, bem desenhadas e cheias de nuances. E é uma chance de olhar o melhor do feminino em Shakespeare melhor
Em que sentido o trabalho em mulher de Shakespeare afetou o seu olhar como jornalista e crítica?
KYRa: É uma mudança de lado de alguma forma. Poder acompanhar e participar de um processo ativamente faz você romper o lado do balcão. Isso significa duas coisas: a primeira é que primeiramente você está lá porque tem um olhar aguçado do que funciona ou não do lado da plateia e, em segundo lugar, tem a chance de considerar muitos aspectos e se defrontar com um trabalho de mesa e de preparação que o crítico pode até intuir mas nunca realmente saber de fato. Existe uma questão que você passa a ter menos certezas e mais cuidado com o que é dito e propagado quando você está dentro de um Projeto.
Para você quais foram os pontos mais elegantes da técnica do diretor?
KYRa: Ele é aberto e seguro. Eu não sei bem o porquê aqui no Brasil muitas vezes é propagada a visão caricata do diretor ranzinza ou que quer fazer algo genial acima de tudo. Uma visão caricata da pessoa de voz grossa. O Luke com todo conhecimento em Shakespeare ele chegou ensinando mas perguntando, tentando entender a plateia de Shakespeare no Brasil para que o teatro seja para todos. Ele sempre fala que o objetivo dele é de que os gêmeos da Suzy entendam a peça e eles têm 10 anos. Então ele vai e volta nos pontos em busca da clareza e para que isso seja possível, ele pergunta muito para toda a equipe. Além do mais ficou ele me escuta e confia na minha interlocução com a equipe técnica, já que não fala o português. Tem sido um trabalho ativo, participativo e intenso graças a essa generosidade do Luke.
FICHA TÉCNICA
Direcão: Luke Dixon
Texto: Thelma Guedes
Atrizes: Ana Guasque e Suzy Rêgo
Assistente de Direção: Kyra Piscitelli
Direção Musical: Sérvulo Augusto
Cenógrafo: Augusto Vieira
Figurinista: Silvana Carvalho e Assistente
Iluminador: (Ainda Definindo)
Fotógrafo: Ary Brandi
Coordenação de Projeto: Ana Guasque
Assistente de Produção: Isadora Mazon, Malu Guasque
Conteúdo Pedagógico para Formação de Plateias: Kyra Piscitelli
Monitoria de Formação de Plateias: Kyra Piscitelli
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Contabilidade: Suprema Associados
Assessoria Jurídica: Marise Gomes Siqueira
Idealização e Realização: Ana Guasque Artes & Entretenimentos
Patrocínio: Lojas Renner
SERVICO
Mulheres de Shakespeare, de Thelma Guedes
Teatro Novo – Rua Domingos de Moraes, 348, Vila Mariana
Temporada: de 12 de abril a 5 de maio
Às sextas e aos sábados, às 21h; e aos domingos, às 19h
Ingressos: Sextas-feiras – R$40 (inteira) e R$20 (meia-entrada); sábados e domingos – R$60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) | Vendas pela Ingresso Rápido
Informações: (11) 3542-4680
Capacidade: 481 lugares
Classificação: 12 anos
Duração: 70 minutos