Luís Francisco Wasilewski, do Aplauso Brasil (redacao@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – Gilberto Gawronski sempre foi um provocador seja como encenador ou como ator. As primeiras adaptações (excelentes) de Caio Fernando Abreu para o palco eu assisti com a assinatura de Gilberto. Era uma época em que encenar a obra do escritor ainda não havia virado modismo e o provocativo Gilberto levava à cena, sempre primando pela qualidade, a literatura de Caio.

Além disso, foi Gilberto o primeiro a encenar no Brasil um texto do francês Bernard- Marie Koltès, quando montou Na Solidão dos Campos de Algodão, em 1996. Bernard também entrou para o catálogo dos autores da moda, mas quem foi o primeiro a encená-lo no Brasil? Gilberto.
Não esquecendo da polêmica montagem de Medida por Medida, de Shakespeare, realizada em 2009, em que ele optou por um elenco exclusivamente masculino e uma estética que remetia ao universo sadomasoquista. Houve muitos (eu não) que torceram o nariz para a ousadia do diretor.
Sua nova provocação chama-se Ato de Comunhão e está em cartaz no SESC Belenzinho. O texto do argentino Lautaro Vilo transforma em teatro a história verídica de Armin Meiwes e Bernd Brandes. Os dois praticaram em 2001, uma relação canibal consentida, o que suscitou uma longa discussão a respeito da falta de limite nas práticas sexuais.
A peça já começa com uma fina ironia no título que pode remeter um incauto espectador a entrar no teatro achando que verá uma peça de cunho religioso. Esta ironia também aparece na dramaturgia de Lautaro. Vemos no começo da peça a personagem de Armin descrevendo sua festa de aniversário quando criança. Instaura-se um clima de inocência, cuja brilhante interpretação de Gilberto é fundamental para o rumo macabro que a peça toma perto do seu desfecho.

A direção é assinada por Gawronski e Warley Goulart. Há uma excelente utilização do recurso do vídeo e também a referência visual ao artista plástico Francis Bacon, o que torna mais refinado este Ato de Comunhão.
Refinado, belo, envolvente, transgressor. Todos estes adjetivos podem ser utilizados na busca de uma definição para o trabalho de Gilberto. Ato de Comunhão já está na lista dos grandes espetáculos a que assisti em toda a minha vida.
Ficha Técnica:
Texto: Lautaro Vilo
Tradução: Amir Harif
Atuação: Gilberto Gawronski
Direção: Gilberto Gawronski e Warley Goulart
Vídeos: Jorge Neto
Iluminação: Vilmar Olos
Produção: Wagner Uchoa
Realização: GPS Produções Artísticas LTDA
ATO DE COMUNHÃO
Sesc Belenzinho (392 lugares)
Rua Padre Adelino, 1.000. – Tel. 2076.9700
Informações da bilheteria: ingressoSESC. Ingressos a venda a partir das 14h do dia 01/11
Consulte a lista de pontos de venda e escolha a que estiver mais perto de você www.sescsp.org.br
Formas de pagamento: Dinheiro e cheque (à vista); cartões: Visa, Visa Electron, Mastercard, Mastercard Electronic, Maestro, Redeshop e Diners Club International (crédito e débito).Estacionamento R$ 7
Sextas às 21h30 | Sábado às 20h | Domingos às 19h
Ingressos: R$ 24
R$ 12 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino).
R$ 6 (trabalhador no comércio e serviço matriculado no SESC e dependentes).
Duração: 60 minutos
Recomendação: 18 anos
Curta Temporada:
De 09 de novembro a 09 de dezembro