Luís Francisco Wasilewski, do Aplauso Brasil (lfw@aplausobrasil.com)

SÃO PAULO – Impossível sair do teatro após uma apresentação de Alô, Dolly, com Miguel Falabella e Marília Pêra, sem experimentar o sentimento de ter assistido a uma encenação fascinante. O espetáculo é um daqueles momentos raros e mágicos em que o espectador sente ter visto uma obra de arte de primeira grandeza.
Com um enredo baseado na peça A Casamenteira, de Thornton Wilder (Dramaturgo conhecido na cena brasileira pelo seu clássico Nossa Cidade), o texto assinado por Michael Stewart com músicas e letras de Jerry Herman, nos traz uma história muito próxima à comédia de costumes brasileira de autores como Martins Pena e Arthur Azevedo – a saber: a dicotomia interior versus cidade e os incidentes cômicos decorrente dela.
Em sua inteligente adaptação para o Brasil, Miguel transformou as personagens de Alô, Dolly que pertencem ao mundo interiorano, especificamente a cidade de Yonkers, em representantes do universo caipira. Esta sua aclimatação no espetáculo leva à cena atual a figura do caipira, que é emblemática na comédia popular brasileira.
Na composição de seu Horácio Vandergelder, Falabella traz com maestria para o palco a prosódia caipira. E como estamos tratando de Miguel Falabella, portanto estamos falando de alguém que domina a arte da comédia como poucos. Ele sabe, com a propriedade que poucos atores possuem, nos mostrar em cena o risível de sua personagem velha e avarenta. E sabiamente Miguel, que também assina a direção do musical, imprimiu o tom caipira para as personagens que gravitam em torno de Horácio e que são tão bem defendidas em cena por Frederico Reuter, Ubiracy Paraná do Brasil e Brenda Nadler.

Há uma deliciosa recuperação da comicidade de Mazzaropi e Geny Prado na composição dessas personagens.
Como toda boa comédia de costumes Alô, Dolly é recheada por pequenos enganos, a maior parte deles cometidos pela protagonista, Dolly Levi.
E Marília Pêra não economiza em sua criação da personagem. Todo o gigantismo de recursos cômicos, que a atriz domina como ninguém no teatro brasileiro, está a serviço de sua personagem. Muitas vezes ela faz a plateia rir, desabridamente, com apenas um gesto e um olhar. Sua Dolly Levi é uma criação antológica.
Ela e Miguel protagonizam, especialmente, uma cena memorável, a do jantar de suas personagens em um restaurante chique. È uma aula de comédia que a dupla oferece ao público.
Merecem ser destacados no elenco também Alessandra Verney com sua espetacular voz e Patrícia Bueno que está hilária em sua participação como a bêbada Ernestina Ricca.
Um outro ponto alto do Musical são as belíssimas coreografias assinadas por Fernanda Chamma. Destaco, em especial, a que reproduz a antológica cena da viagem e o rigor milimétrico que Fernanda imprimiu na partitura que marca o início do segundo ato do espetáculo, na cena que apresenta os garçons do restaurante.
Alô, Dolly! não é apenas um grande musical: é uma celebração à alegria que nos é dada por Miguel Falabella e Marília Pêra.
spetáculo.
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Miguel Falabella e Marília Pêra protagonizam Alô, Dolly!
Assista alguns trechos de Alô, Dolly
Alô, Dolly! Texto: Michael Stewart, baseado na peça The Matchmarker – A Casamenteira. Músicas e letras: Jerry Herman. Versão brasileira e direção geral: Miguel Falabella. Direção musical: Carlos Bauzys. Elenco: Marília Pêra, Miguel Falabella, Alessandra Verney, Frederico Reuter, Ubiracy Paraná do Brasil, Ester Elias, Brenda Nadler, Ricardo Pêra, Patricia Bueno, Thiago Machado. Coreografias: Fernanda Chamma. Cenário: Renato Theobaldo e Roberto Rolnik. Figurino: Fause Haten. Visagismo: Anderson Bueno. Iluminação: Paulo Cesar Medeiros. Designer de som: Gabriel D’Angelo. Fotos: Caio Gallucci.
Serviço:
Teatro Bradesco (1.439 lugares), Bourbon Shopping, Rua Turiassu, 2.100 – 3º piso. Horários: quinta às 21h, sexta às 21h30, sábado às 18h e 21h30 e domingo às 18h. Ingressos: de R$ 20 a R$ 200. Bilheteria: domingo a quinta, das 12h às 20h; sexta e sábado, das 12h às 22h. Aceita todos os cartões de crédito e débito. Não aceita cheque. Vendas pela Internet: www.ingressorapido.com.br e telefone: 4003-1212. Duração: 160 minutos (intervalo de 15 minutos). Classificação: Livre
Temporada: até 02 de junho