Artigo de Michel Fernandes para o jornal Diário de São Paulo

Publicado na edição impressa de 27 de dezembro de 2010
Estação Caneca tem apenas dois meses de atividades, mas espaço já promete ser importante ponto de encontro de artistas da cidade
São Paulo transborda efervescência cultural. São novos atores, diretores, grupos, além dos pesquisadores de teatro do mundo todo que acabam por desembocar na cidade – a

“menina dos olhos da classe teatral”, conforme um integrante do grupo Os melhores do mundo, de Brasília, me disse em entrevista. Entre os espaços culturais que entraram em cena em 2010, o Estação Caneca é um dos mais interessantes e, em 2011, promete ser importante ponto de encontro de artistas descolados.
Uma característica particular do Estação Caneca, que o diferencia de outros teatros, é o clima intimista e elegante do espaço, que convida opúblico a ficar no café para discutir o espetáculo assistido, filosofar sobre arte ou, simplesmente, divertir-se em um ambiente para lá de agradável.
Outra característica bastante importante é o cuidado com a escolha dos espetáculos que compõem a programação do local. Além de servir como sede do grupo Trilhas da arte, Juliana Calligaris, atriz da trupe e responsável pela curadoria artística do Estação Caneca, segue uma linha temática e uma preocupação estética conectada à qualidade dos espetáculos.
Uma sala de espetáculos com 40 lugares, um mini-auditório

(para 20 pessoas) disponível para exibições cinematográficas, sala de prática cênica para dança e teatro (disponível para cursos e workshops), galeria para exposição de artes plásticas, uma pequena revistaria, livraria, camarins e banheiros com chuveiro formam o corpo físico do Estação, cujo Café Goumert – um espaço gastronômico especializado que, além do expresso tradicional, conta com 18 bebidas à base de café exclusivas para o local – se destaca pelo requinte, tornando o ambiente ideal para aqueles que gostam de uma boa conversa e abrem mão do barulho ensurdecedor das boates.
Estação artística
Investir em arte pode representar um negócio em que os lucros são menos financeiros, pelo menos em um momento imediato, mas cuja importância social tem cunho inestimável. Em busca de aplicar dinheiro em um negócio próprio, o marido de Juliana Calligaris resolveu investir no Estação Caneca – Espaço Cultural Trilhas da Arte. O lucro é da cidade.
A programação deste ano (o espaço foi inaugurado em 28 de outubro) que termina teve como temática central peças que abordam a “alma feminina”. Além de “Senhorita Júlia” (peça-chave na discussão do papel feminino versus condição social, clássico de August Strindberg, com o grupo Trilhas da Arte), peças das cidades de Marília (“Brutas Flores”), Americana (“Obs.Cenas”), Porto Alegre (“Borboletas de Sol de Asas Magoadas”) e da capital de São Paulo (“Quando as Máquinas Param”).
Para 2011, o charmoso Estação vai trazer de volta “Senhorita Júlia” com o Trilhas da Arte, que vai estrear um espetáculo sobre o religioso e o político pernambucano que dá nome à rua em que está localizado o teatro: Frei Caneca.
Daqui a pouco, no dia 4 de janeiro, o Café Gourmet reabre. Uma boa chance para conferir um pouco do lugar.
ESTAÇÃO CANECA ESPAÇO
CULTURAL TRILHAS DA ARTE
Rua Frei Caneca 384
Programação do Teatro:volta em janeiro
Ingressos: R$ 30 (meia entrada R$ 15)
Informações: 11-2371-5744 contato@trilhasdaarte.com.br
Acesso a deficientes físicos e Estacionamento no local.
www.trilhasdaarte.com.br
www.estacaocaneca.com.br trilhasdaarte.blogspot.com
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