Michel Fernandes, especial para o Último Segundo (mihel@aplausobrasil.com)
Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!!

Antes deu mergulhar numa reflexão mais detalhada, já que Estrela Brazyleira a Vagar – Cacilda!! é riquíssima em detalhes merecedores de extremo cuidado e carinho, quero convidar a todos os meus leitores para que corram ao Teatro Oficina e não percam essa ode onírica feita ao princípio da transição para o Moderno Teatro Brasileiro, pela ótica de uma atriz-símbolo da fase, Cacilda Becker, no início de sua carreira.
É uma peça cheia de metalinguagem,ou seja, além da inspiração acerca de dados biográficos da atriz, peças das quais participou ainda na fase amadora do teatro nacional, cenas imaginadas pelo autor e diretor José Celso Martinez Corrêa, Estrela Brazyleira a Vagar nos coloca no centro nervoso de quem vive as transformações do teatro, no coração que irriga os vasos sanguíneos do palco, uma atriz apaixonada por seu ofício, Cacilda Becker, interpretada com demasiado talento pela bela e jovem Ana Guilhermina.
Mesmo os que não têm referências sobre a trajetória evolutiva do teatro brasileiro, ou, como eu, tiveram formação histórica deficitária, também aqueles menos familiarizados com personagens de peças como Hamlet ou Otelo, ambas de Shakespeare, que contracenam com personagens reais, parte da vida cotidiana de Cacilda – caso de Bibi Ferreira, Raul Roulien, Sadi Cabral, Dulcina de Moraes, entre tantos outros –, tem, nas cinco horas e meia do espetáculo – 30 minutos de intervalo –, uma deliciosa incursão no modo de fazer teatro no Brasil antes de Ziembinski inaugurar, pelo menos oficialmente já que Renato Viana trabalhava com linha diversão do vigente nos palcos, a modernidade do teatro brasileiro com Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, em dezembro de 1943.
ESTRELA BRAZYLEIRA A VAGAR – CACILDA!! sáb. e dom., às 18h; até 22/11
Teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, tel. 0/xx/11/3104-0678). R$ 40. Classificação: 16 anos