
SÃO PAULO – Considerado o principal romance do escritor franco-argelino Albert Camus, A Peste, escrito em 1947, dez anos antes de ganhar o Nobel de literatura, ganha adaptação teatral e chega a São Paulo, a partir de 31 de agosto, depois de passar pelo Rio de Janeiro e por Belo Horizonte em bem-sucedidas temporadas. Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia dirigem Pedro Osório num monólogo, que concentra a dramaturgia na figura e na perspectiva do personagem-narrador do romance, o médico Bernard Rieux interpretado pelo ator Pedro Osório. O trabalho começou há dois anos, quando Osório convidou Leme para dirigi-lo em A Peste. O diretor havia atuado em 2009 numa versão para O estrangeiro dirigida por Vera.
Sob o signo da miséria moral que se instala em uma sociedade, o texto da peça apresenta um recorte no romance que trata da história de Orã, cidade no litoral da Argélia, infestada por ratos e devastada por um mal súbito, que dizimou sua população. O médico Bernard Rieux se dirige ao público após passar um ano preso lutando contra o bacilo da peste expressando, em metáfora amplificada dos males da Guerra, especificamente da ocupação da França pelos nazistas, o flagelo de uma civilização contemporânea sob o signo da miséria moral.
“O texto é como uma vacina, que nos ajuda a enxergar através de uma tragédia ficcional a tragédia na nossa sociedade hoje. Assim podemos impedir e não sucumbir”, diz Osório.
Para os diretores, A peste é uma peça política, e o cenário tomado por carvão expressa, ao mesmo tempo, tanto a destruição destes tempos como uma possível transformação.
“A Peste reflete sobre a empatia, a prioridade do coletivo e a existência colocada como prioridade em contraponto ao indivíduo egoísta, em um estado febril dentro de uma sociedade doente. O personagem não é um herói, mas um homem que acha a saída através do trabalho cotidiano e honesto”, conclui o ator.
Em cenário árido que faz alusão a outra obra de Camus, “O Mito de Sísifo”, o médico, enquanto questiona a existência, a individualidade, o coletivo, a solidão, a morte e a resignação passa todo o seu tempo, assim como um Sísifo transportando incessantemente e conscientemente pilhas de carvão de um lado para o outro.
Albert Camus (1913-1960) escritor e dramaturgo francês, nascido na Argélia. Militante da Resistência Francesa, construiu suas obras a partir de discussões morais e existencialista sobre o mundo destruído e miserável do pós-guerra, principalmente em seu continente natal, África. Recebeu o Prêmio Nobel em 1957.
FICHA TÉCNICA
texto| Albert Camus
adaptação| Pedro Osório e Guilherme Leme Garcia
atuação e idealização | Pedro Osório
direção| Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia
colaboração| Gustavo Rodrigues
provocação de movimento | Toni Rodrigues
assistente de direção e coordenação artística | Karla Dalvi
cenografia| Guilherme Leme Garcia e Pedro Osório
iluminação| Adriana Ortiz
figurino| Ana Roque
paisagem sonora | Marcello H
design gráfico | Roberta de Freitas
fotos| Renato Mangolin
Produção executiva e administração | Sofia Papo
Assessoria de imprensa l Adriana Monteiro
operação de luz l Wilson Saraiva
operação de som l Sofia Papo
Serviço:
Teatro Eva Herz – São Paulo (Com direção artística de André Acioli)
De 31 de agosto a 08 de dezembro
Preços – R$ 60,00 e R$ 30,00
Sábados, às 21h e Domingos, às 19h
Feriados – 07/09, 12/10 e 2/11, às 19h
classificação etária | 16 anos
gênero | Drama
duração | 60 minutos
Local: Conjunto Nacional
Endereço: Av. Paulista, 2073 – Bela Vista – São Paulo/SP
Capacidade
168 (quatro lugares para cadeirantes)
Bilheteria
Terça a Sábado, das 14h às 21h
Domingos e feriados, das 13h às 19h (feriados sujeito a alterações)
Vendas de ingressos pelo site do Sympla