Nanda Rovere, do Aplauso Brasil (nanda@aplausobrasil.com.br)

SÃO PAULO – A Casa de Bernarda Alba estreia sábado, (14), Teatro Cultura Artística Itaim, às 21h. Direção: Elias Andreato. Elenco: Walderez de Barros, Patrícia Gasppar, Mara Carvalho, Victória Camargo, Bruna Thedy, Tatiana da Marca, Isabel Wilker e Fernanda Cunha. A trilha sonora original é composta por Daniel Maia. Os figurinos são de Fause Haten e o cenário de Fabio Namatame. Wagner Freire criou a luz.
A temporada marca a comemoração dos 50 anos de carreira de Walderez no teatro, que também é uma atriz respeitada na televisão. Começou em 1963 na Companhia de Cacilda Becker, na peça Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro.

Uma trajetória de reconhecimento do público e crítica. Entre os inúmeros estão espetáculos: Medeia; A Gaivota; Max; O Jardim das Cerejeiras; Madame Blavatisky e O Abajur Lilás, de Plínio Marcos; e As Traças da Paixão, de Alcides Nogueira e A Ponte A Água de Piscina, de Alcides Nogueira (esta última dirigida por Gabriel Villela); Fausto Zero e Hécuba, com direção também de Gabriel Villela.

Walderez de Barros e o diretor Elias Andreato foram convidados pela produtora Célia Forte para o espetáculo, produzido por Célia e sua sócia Selma Morente.
Célia ficou apaixonada pelo texto no colegial e desde então tinha vontade de coloca-lo nos palcos. Convidou dois profissionais que admira. Com Elias, já fez parceria em inúmeras montagens, como Doido, Édipo, Amigas, pero no mucho, Cruel, O Andante e Myrna Sou Eu e Walderez de Barros com quem faz sua primeira parceria.

Andreato dirige Walderez pela primeira vez, mas já atuou em alguns espetáculos com Walderez, entre eles Lago 21 (espetáculo de Jorge Takla, com a presença de Mariana Muniz), A Gaivota, direção de Francisco Medeiros e As Cidades Invisíveis, direção: de Márcia Abujamra. Declara ser um grande admirador de seu trabalho:
“Poder estrear esta peça com a Walderez, que foi a primeira atriz que vi nos palcos, num mundo onde a preocupação com a fama é exacerbada, é… ( ficou sem palavras para definir o quão feliz ele está em trabalhar com a atriz)”.
A peça foi escrita durante a ditadura de Franco na Espanha e mostra o cotidiano sofrido de mulheres que residiam nos povoados da Espanha.
A obra faz parte de uma trilogia, composta por Bodas de Sangue e Yerma que revelam um cenário desolador de uma população de costumes arcaicos.
Elias Andreato declara que é interessante trabalhar somente com mulheres.
“Tenho admiração pelas mulheres, como artista e cidadão¨, diz o Andreato afirmando ter aprendido a interpretar observando o universo feminino. Sempre fiquei comovido com a da entrega das mulheres em tudo o que realizam.É da maior importância pensar o universo feminino. Só por isso já vale participar do projeto¨, complementa o diretor.
Andreato mergulhou fundo na obra do autor e o que chamou mais a sua atenção foi a humanidade das personagens.
Bernarda (Walderez de Barros) é a mãe de cinco filhas – Angústias (Mara Carvalho), Madalena (Tatiana de Marca), Martírio (Victória Camargo), Amélia (Isabel Wilker) e Adela (Bruna Thedy). Controladora ao extremo, decreta luto de oito anos pela morte do marido e não permite que as suas filhas tenham a oportunidade de cuidarem de suas próprias vidas.

Além da família, vivem na casa a governanta Poncia e a criada, interpretadas respectivamente por Patrícia Gasppar e Fernanda Cunha , as quais almejam poder e dinheiro, mas para sobreviverem também são obrigadas a se submeterem às privações impostas por Bernarda.
São mulheres solitárias e aprisionadas pelo preconceito, num dia a dia repleto de vingança, fanatismo, machismo e tirania materna. Querem casar, ter filhos e anseiam por liberdade, mas são obrigadas a permanecerem reclusas numa casa fria, antiga e com portas e janelas fechadas.
Bernarda segue os preceitos que aprendeu com os seus familiares. Não existe a individualidade no cotidiano dessas mulheres.
“Aparentemente a história trata de uma realidade distante, mas num estudo mais atento, é nítido que a obra permanece atual porque fala. mostra as nossas mazelas , os nossos medos e prepotências”, comenta a atriz Mara Carvalho.
Sobre a matriarca, Walderez conta que ela vive de aparências. Controla a família porque está preocupada com a opinião dos outros.
¨Viver de aparências é próprio da sociedade atual¨, diz a atriz Walderez de Barros para destacar que a peça é atual.
¨A peça e a realidade mostram que situações como essa geralmente tem como resultado uma tragédia¨, acrescenta a atriz.

¨As mulheres da peça estão contidas em todas nós¨, opina Patrícia Gasppar. “No mundo em que vivemos até onde somos livres para amar, trabalhar e não estar à disposição do homem para agradá- lo?”, questiona a atriz.
¨Vemos os embates da mãe que lidera . A cada momento a gente vê o quanto as personagens estão próximas do nosso cotidiano”, acrescenta Mara Carvalho.
A direção de Elias Andreato é sempre focada na interpretação do ator; elenco e direção criam juntos.
“Não sou um diretor, mas um ator que dirige como forma de aprimoramento do meu ofício de ator¨, sinaliza.
Andreato busca a simplicidade sem deixar de lado o aprofundamento das emoções. Para ele, é o ator quem conta a história e para isso deve se basear em tudo o que acontece ao seu redor.
O cenário assinado por Fábio Namatame mostra uma casa concreta, “uma prisão na qual as portas estão cerradas, são fortes e ultrapassá-las pode ser perigoso. Lá fora estão o céu e o horizonte, mas nenhum personagem consegue alcançá-los”, completa o diretor.
Sobre a luz, concebida por Wagner Freire, e a trilha original composta por Daniel Maia, diz:
“Conforme a luz, cria-se transparências que revelam o que está dentro da casa. A trilha traz influências da poesia de Lorca e tem interferências de ruídos e vozes para dar maior dramaticidade às cenas”.
Os figurinos assinados por Fause Hauten foram pensados de acordo com as características de cada personagem.
“As vestimentas são exuberantes porque as mulheres tem poder aquisitivo e apesar das amarras sonham com o amor e o sexo”, completa o diretor.
Ficha Técnica:
Texto Federico García Lorca
Tradução, Adaptação e Direção Elias Andreato
Elenco
Walderez de Barros Bernarda
Patrícia Gasppar Poncia
Mara Carvalho Angustias
Victória Camargo Martírio
Bruna Thedy Adela
Tatiana de Marca Madalena
Isabel Wilker Amélia
Fernanda Cunha Criada
Cenário Fabio Namatame
Figurino Fause Haten
Iluminação Wagner Freire
Trilha Sonora Daniel Maia
Assistente de Direção Leandro Goddinho
Preparação Vocal Jonatan Harold
Preparação Corporal Gustavo Malheiros
Programação Visual Vicka Suarez
Fotos João Caldas
Produção Executiva Egberto Simões
Produtoras Selma Morente e Célia Forte
Realização Morente Forte Produções Teatrais
Serviço:
A Casa de Bernarda Alba
Teatro Cultura Artística Itaim (303 lugares)
Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1830 – Itaim
Bilheteria: 3078-7427
Televendas – 4003-1212 www.ingressorapido.com.br
Bilheteria: terça e quinta, das 15h às 19h. Sexta e sábado das 15h até o início do espetáculo. Domingo das 14h até o início do espetáculo. Aceita todos os cartões de crédito e debito. Estacionamento conveniado no local, R$ 16.
Sextas às 21h30 | Sábados às 21h | Domingo às 18h30
Ingressos: Sextas e Domingos R$ 50 / Sábados R$ 60
Duração: 90 minutos
Recomendação: 14 anos
Gênero: Drama
Estreia dia 14 de setembro
Temporada: até 1º de dezembro